O advogado Jeffrey Chiquini, que representa Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais, fez graves acusações contra o jornalista Guilherme Amado nesta terça-feira (14). Chiquini sustenta que uma matéria assinada por Amado, que serviu de base para a prisão de Martins, foi produzida de forma intencionalmente falsa.
Segundo Chiquini, a organização Redes Cordiais, da qual Guilherme Amado é diretor de conteúdo, teria recebido US$ 74.900 (cerca de R$ 409 mil) da USAID por meio da Embaixada dos EUA em Brasília. Ele alega que esse financiamento ocorreu no mesmo ano da publicação da reportagem usada para fundamentar a prisão de Martins, e sugere que pode haver interferência ou viés motivado pelo recurso recebido.
“O fato é que Guilherme Amado fez uma matéria falsa… agora descobrimos que a ONG que ele integra recebeu R$ 400 mil — isso torna o caso mais grave. Há indícios de que tudo foi combinado”, declarou Chiquini em entrevista.
Reportagem que motivou a prisão
A matéria publicada no portal Metrópoles em 2023 afirmava que Filipe Martins teria deixado o Brasil em dezembro de 2022 e ingressado em Orlando (EUA), o que teria motivado ação judicial contra ele por risco de fuga. Com base nessa alegação, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão preventiva de Martins em fevereiro de 2024.
Todavia, documentos do Customs and Border Protection (CBP) dos EUA confirmaram que Martins não ingressou nos EUA nessa data, o que levou a CBP a classificar o registro usado como “errôneo” e afirmar que sua inclusão nos sistemas permanece sob investigação.
Chiquini sustenta que a inserção desse dado falso teria sido deliberada para justificar a prisão injusta e acusa que “há fumaça de dolo”, apontando possível envolvimento de agentes brasileiros no processo.
Defesa questiona credibilidade jornalística e impacto do financiamento
Além de contestar a matéria, a defesa critica o uso de registros distorcidos do CBP como fundamento determinante para prisão e responsabilização política de Martins. Alega falta de vínculo mínimo entre o conteúdo e o acusado, afirma que faltam provas materiais e que a narrativa adotada configura manipulação investigativa.
Guilherme Amado, por sua parte, nega dolo. Em declarações, afirma que baseou-se nos documentos públicos disponíveis e que, após a divulgação da recusa de entrada por parte do CBP, publicou correção: “Eu coloquei que é errado dizer que ele foi para os EUA e que o correto é dizer que foi registrada uma entrada dele no território americano”.