O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece não estar plenamente consciente dos desafios econômicos em jogo. A persistente alta da inflação nos Estados Unidos, somada a um mercado de trabalho aquecido, estão reconfigurando o cenário econômico global. Isso, conforme apontado pelo Estadão recentemente, reduz as possibilidades de cortes de juros pelo Fed, o que, por sua vez, restringe a capacidade de manobra do Banco Central brasileiro para reduzir a taxa Selic.
Embora a notícia de uma inflação menor do que o esperado no Brasil tenha amenizado as preocupações nesta quarta-feira, o dólar fechou em alta de mais de 1%, sugerindo uma possível continuidade do seu patamar acima dos R$ 5. Os economistas e investidores, logo após os resultados nos EUA, já estão recalculando suas projeções, com pelo menos duas grandes instituições considerando elevar suas estimativas de juros no país.
No Congresso, a base governista parece estar vivendo em um mundo de fantasias. Deputados petistas novamente enfraqueceram o novo arcabouço fiscal ao antecipar despesas de R$ 15,7 bilhões sem garantias sólidas de aumento de arrecadação para cobri-las. Há também o risco de que esses recursos sejam direcionados para aumentos salariais dos servidores, uma medida que, embora necessária para a recomposição, deveria ser sustentada por fontes de financiamento permanentes, não por receitas extraordinárias.
Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, luta para conter pressões por gastos excessivos, a Casa Civil parece estar criando crises internas desnecessárias, em uma inversão de seu papel institucional de gerenciar crises.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tentou remover o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, apesar do seu desempenho meritório. A empresa, sólida e com investimentos em ascensão, escapou das previsões catastróficas relacionadas à mudança na política de preços de combustíveis, em grande parte devido à competência de Prates.
Embora haja um país polarizado politicamente em defesa de Lula, é crucial alertá-lo de que a eleição foi decidida por uma minoria com inclinações liberais na economia, que pode mudar de lado em 2026. Não é prudente abusar da sorte, especialmente considerando que na economia, o jogo pode virar a qualquer momento.
