O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), fez um forte desabafo ao encerrar a sessão desta quinta-feira (16). Segundo ele, a comissão tem enfrentado pressões políticas, acordos e manobras judiciais com o objetivo de impedir que a investigação sobre o roubo bilionário aos aposentados chegue aos seus responsáveis.
“O que está em jogo é um esquema bilionário que roubou o pão da mesa dos aposentados e o remédio da viúva”, afirmou Viana.
97% dos descontos foram ilegais, segundo CGU
De acordo com o parlamentar, dados da Controladoria-Geral da União (CGU) apontam que 97% dos descontos aplicados nas aposentadorias e pensões foram feitos sem autorização dos beneficiários.
“De cada dez aposentados que tiveram descontos, quase todos não aprovaram essas deduções”, destacou.
O senador também lembrou que o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) — entidade cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — movimentou mais de R$ 1 bilhão em recursos oriundos desses descontos irregulares.
Crítica à blindagem política de Frei Chico
Viana lamentou a rejeição do pedido de convocação de Frei Chico para depor à CPMI, considerando o episódio um exemplo de proteção política descarada.
“Isso mostra que o poder político tenta falar mais alto que a Justiça. Se fosse um cidadão comum, ele teria essa proteção?”, questionou.
O senador também defendeu que todos os envolvidos, independentemente de laços familiares ou partidários, sejam tratados com igualdade perante a lei.
Depoimento confirma suspeitas sobre esquema
Durante a sessão, o presidente da comissão citou o depoimento de Cícero Marcelino, ex-assessor de Carlos Roberto Costa, presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais).
Segundo Viana, as declarações de Cícero reforçaram as denúncias já apresentadas:
“Mais de R$ 300 milhões passaram por empresas; as transações atravessaram documentos públicos e podem ter chegado a agentes políticos e intermediários.”
Sessão reservada e continuidade das investigações
Diante da gravidade dos fatos, o senador anunciou que solicitou uma sessão reservada da CPMI para examinar nomes e repasses ainda sob sigilo.
Ele reafirmou que a comissão continuará avançando, apesar das tentativas de obstrução:
“Não vamos nos calar. A CPMI vai até o fim para proteger os aposentados e mostrar quem se beneficiou desse roubo bilionário.”