Depois de o diretório municipal do PT aprovar o processo de refiliação de Marta Suplicy ao partido, uma facção interna da legenda começou a articular o apoio a um pedido de impugnação da decisão. A coordenação desse movimento está a cargo de Valter Pomar, membro do diretório nacional do PT. Em uma carta divulgada internamente nesta quarta-feira (17), Pomar argumenta que o retorno de Suplicy deveria ser debatido e votado em uma reunião do Diretório Nacional do partido.
O conteúdo da carta, ao qual a CNN teve acesso, foi encaminhado ao secretário geral do partido, Henrique Fontana. Entre as razões apresentadas para a oposição, Pomar destaca o apoio de Suplicy ao impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, as críticas feitas pela ex-prefeita ao deixar o partido e sua proximidade com políticos alinhados à direita.
Pomar destaca na carta: “A moral da história é: qualquer um pode fazer qualquer coisa e, apesar disso, em nome de uma possível vantagem eleitoral, estamos sempre dispostos a ‘virar a página’. O resultado prático é desmoralizar os que se mantiveram firmes nos momentos mais difíceis e, ao mesmo tempo, estimular futuras traições.”
O petista também argumenta que a refiliação não representa “uma saudável autocrítica, mas sim uma demonstração de falta de respeito do partido para consigo mesmo”. A CNN apurou que o documento foi compartilhado em grupos de WhatsApp que reúnem diretores nacionais do PT. Internamente, uma ala está se organizando para manifestar apoio ao pedido de Pomar até o final desta semana.
Enquanto isso, a liderança do PT está discutindo estratégias para mitigar a insatisfação dos membros descontentes com o retorno de Marta Suplicy e com o papel de destaque que ela assumirá na legenda. O movimento de reintegração, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considera uma aliança entre a ex-prefeita e Guilherme Boulos (PSOL-SP), na corrida pela prefeitura da capital paulista. A CNN entrou em contato com o PT e aguarda resposta em relação ao pedido de Valter Pomar.