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quarta-feira, 19 novembro, 2025
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Câmara impõe nova derrota a Lula e aprova Projeto Antifacção

Por Alexandre Gomes

Em mais um revés político para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (19) o projeto conhecido como “antifacção”, um dos textos mais duros já votados pelo Congresso contra o crime organizado. A proposta passou com ampla margem: 370 votos favoráveis contra 110, apesar da articulação do Palácio do Planalto para adiar a análise.

Mesmo com apelos da base governista, o pedido de adiamento não prosperou — evidenciando o desgaste da articulação política do governo e a falta de controle da própria base parlamentar.

Projeto cria figura penal para facções e endurece penas

A proposta coloca no ordenamento jurídico brasileiro a definição formal de facção criminosa, permitindo enquadramentos mais objetivos de integrantes, financiadores e lideranças. As penas previstas são severas:

  • 8 a 15 anos para participação em facções;
  • até 30 anos para homicídios cometidos por ordem dessas organizações, considerados crimes hediondos;
  • 20 a 40 anos para ataques realizados por facções ultraviolentas, como ações do “novo cangaço”.

O objetivo central é estrangular a estrutura de comando, limitar a expansão territorial das facções e atacar a lógica de violência organizada que domina regiões do país.

Regras duras contra “novo cangaço” e domínio territorial

O texto também criminaliza práticas que explodiram nos últimos anos, como:

  • ataques com explosivos, armas pesadas e drones;
  • domínio territorial de facções em comunidades;
  • ataques coordenados a cidades — característicos do “novo cangaço”.

Outro ponto considerado essencial por parlamentares e por forças de segurança é a regra que obriga líderes de facções a cumprirem pena exclusivamente em presídios federais de segurança máxima, evitando que continuem comandando ações criminosas de dentro de cadeias estaduais.

Medidas de inteligência e controle patrimonial

O projeto estabelece novos mecanismos para atingir as estruturas econômicas e operacionais das organizações:

  • monitoramento audiovisual de parlatórios, inclusive com advogados em hipóteses excepcionais;
  • confisco e alienação antecipada de bens, veículos, contas e criptoativos;
  • intervenção judicial em empresas usadas para lavagem de dinheiro;
  • suspensão de contratos públicos envolvendo pessoas ou entidades ligadas às facções;
  • acesso judicial a dados de localização e registros de conexão de investigados;
  • autorização para infiltração de agentes em estruturas do crime organizado.

Segundo deputados que defenderam o texto, trata-se do pacote mais robusto já aprovado para enfraquecer as engrenagens financeiras e logísticas do crime organizado.

Progressão de pena mais dura

O projeto também dificulta significativamente benefícios penais. Criminosos ligados a facções deverão cumprir:

  • 70%, 75%, 80% ou 85% da pena, conforme o grau de participação e a gravidade do crime.

A mudança impede que líderes e operadores do crime organizado conquistem rapidamente saídas, progressões ou benefícios, como costuma ocorrer sob as atuais regras.

Criação de banco nacional de informações sobre facções

A proposta aprovada cria ainda um banco nacional de dados sobre facções criminosas, alimentado por bases estaduais, reunindo informações sobre integrantes, estrutura financeira e áreas de atuação. A ferramenta deve ampliar o compartilhamento de inteligência entre polícias, Ministério Público e Judiciário.

Derrota política expõe fragilidade da articulação do governo Lula

O governo tentou adiar a votação, mas não conseguiu sequer reunir votos suficientes para segurar o avanço do projeto. O resultado expressivo — 370 votos a favor — expôs uma clara falta de sintonia entre Planalto e base aliada.

Para membros do Congresso, a aprovação é também uma demonstração de que o Parlamento está disposto a assumir protagonismo no combate às facções, especialmente diante da escalada de crimes violentos e do avanço territorial dessas organizações.

Resposta firme ao crime organizado

Mesmo com a resistência de parte do governo, o texto foi construído em diálogo com forças de segurança e com parlamentares de vários partidos.

Deputados afirmam que o projeto envia um recado claro:

a era da leniência com facções está chegando ao fim.

A proposta segue agora para o Senado, onde a expectativa é de rápida tramitação diante da pressão social por respostas mais duras ao crime.

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