Dólar Hoje Euro Hoje
segunda-feira, 16 junho, 2025
Início » Câmara deve votar hoje urgência de projeto que pode barrar aumento do IOF imposto por Lula

Câmara deve votar hoje urgência de projeto que pode barrar aumento do IOF imposto por Lula

Por Alexandre Gomes

Insatisfação generalizada no Congresso pressiona governo, que tenta salvar arrecadação com mais impostos em vez de cortar gastos

A Câmara dos Deputados deve votar nesta segunda-feira (16) o pedido de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que suspende o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável pelo recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A decisão de pautar a urgência foi tomada pelo Colégio de Líderes da Câmara na semana passada e sinaliza o crescente desgaste do governo junto ao Legislativo.

“O clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais”, declarou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), em publicação feita nas redes sociais.

Se aprovada, a urgência permitirá que o projeto avance diretamente para votação no plenário, sem necessidade de passar pelas comissões, acelerando o trâmite. São necessários, ao menos, 257 votos favoráveis entre os 513 deputados. A votação do mérito, no entanto, ainda não deve ocorrer nesta segunda-feira.

Lula tenta articular bastidores para salvar decreto

Diante do risco de derrota, o presidente Lula intensificou as articulações no fim de semana. No domingo (15), recebeu no Palácio da Alvorada o próprio presidente da Câmara, Hugo Motta, além dos ministros petistas Gleisi Hoffmann e Rui Costa. Também participou do encontro o ex-presidente da Câmara e atual relator da nova faixa de isenção do Imposto de Renda, Arthur Lira (PP-AL). A reunião durou cerca de uma hora.

O Planalto tenta conter a insatisfação que vem não só da oposição, mas também de integrantes do Centrão e até de parte da base aliada, que reconhecem o forte desgaste junto ao eleitorado provocado pelo aumento da carga tributária.

Três decretos, recuos e confusão tributária

A atual crise em torno do IOF se arrasta desde maio, quando o governo Lula editou uma sequência de decretos. No primeiro, publicado em 22 de maio, o governo promoveu aumentos generalizados nas alíquotas do imposto. Após forte reação negativa, recuou parcialmente, reduzindo apenas a tributação sobre remessas para o exterior.

Na última quarta-feira (12), após novas pressões do Congresso e do mercado, a equipe econômica editou um terceiro decreto que fez novos ajustes, mas manteve parte dos aumentos. Mesmo assim, a previsão de arrecadação foi revisada para baixo: de R$ 19,1 bilhões para algo entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões em 2025.

É justamente esse último decreto, mais recente, que poderá ser suspenso caso o PDL avance na Câmara.

Governo busca compensar arrecadação com novas manobras fiscais

Na tentativa de compensar a redução do potencial de arrecadação com o IOF, o governo também editou uma Medida Provisória (MP) na quarta-feira passada. A MP, válida por 120 dias, prevê aumento de outras tributações e ajustes em algumas despesas. O texto ainda depende da tramitação no Congresso sob relatoria de um parlamentar do PT, a ser anunciado, e só terá validade plena se for aprovado.

Entre os pontos da MP, estão alterações no financiamento do programa Pé-de-Meia, mudanças nas regras do Atestmed (INSS) e ajustes no Seguro Defeso.

Apesar do esforço do Ministério da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad, o governo Lula enfrenta forte resistência dos parlamentares, que criticam a recorrente tentativa de cobrir rombos fiscais com mais impostos, enquanto se recusa a cortar gastos.

Congresso dá sinais de esgotamento com o aumento de impostos

A insatisfação generalizada na Câmara representa um recado claro ao governo: a paciência do Congresso com os sucessivos aumentos de carga tributária começa a se esgotar. Setores do Centrão, da oposição e até mesmo da base veem nas sucessivas manobras fiscais do governo Lula uma sinalização perigosa de descontrole das contas públicas e insistência no caminho fácil da arrecadação compulsória.

A votação desta segunda-feira será o primeiro grande teste da força política do governo no Congresso desde a nova leva de aumentos tributários, e pode representar um duro revés para o Palácio do Planalto, num cenário em que a sociedade já demonstra amplo descontentamento com a escalada da carga tributária.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.