O Brasil vive um ano alarmante em termos de incêndios florestais, com um total de 27,6 milhões de hectares de terra queimados, uma área equivalente ao tamanho do estado de Tocantins. De acordo com o Monitor do Fogo do MapBiomas, a situação é mais grave do que nunca, afetando principalmente os biomas da Amazônia e do Cerrado. Entre janeiro e outubro de 2024, as queimadas foram dez vezes maiores que o desmatamento, o que evidencia uma degradação florestal em uma escala preocupante.
Os estados mais afetados por essas queimadas são Mato Grosso, Pará e Tocantins, que concentram 56% do total de incêndios no país. A Floresta Amazônica foi a mais impactada, com 6,7 milhões de hectares devastados por incêndios, de acordo com o Monitor do Fogo. Este dado é ainda mais alarmante quando comparado aos 650 mil hectares de desmatamento registrados pela taxa Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no mesmo período.
A diferença entre os números de queimadas e desmatamento é a maior desde 2019, quando o Monitor do Fogo iniciou suas medições. A situação é crítica, e especialistas como a diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, alertam que, embora o desmatamento tenha diminuído, o fogo tem devastado vastas áreas de vegetação nativa e florestas, o que agrava ainda mais a perda de biodiversidade e os impactos ambientais no país.
Durante a 29ª Conferência das Partes (COP29) em Baku, no Azerbaijão, foi discutido que os incêndios florestais não são computados nas emissões de gases de efeito estufa em acordos internacionais, o que dificulta o reconhecimento da gravidade do problema. O MapBiomas alertou que a destruição em áreas naturalmente preservadas é um “avanço preocupante”, refletindo uma crise ambiental de grandes proporções que precisa de ação urgente para ser contida.