A concentração de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro no domingo (21), inclusive com aplausos para o bilionário sul-africano Elon Musk, solidifica uma tentativa de buscar apoio internacional que a direita brasileira vem empreendendo nos últimos meses. Grupos de parlamentares de oposição já haviam iniciado contatos com políticos conservadores e de direita nos Estados Unidos e na Europa, e essa abordagem tende a se intensificar.
O tema ganhou repercussão global devido ao embate entre Musk e o ministro do STF Alexandre de Moraes, interpretado como um teste para as eleições americanas deste ano. Republicanos nos Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de sofrerem censura do governo de Joe Biden.
Um comitê da Câmara dos EUA já está investigando parcerias ilegais entre agências federais e o setor privado americano para restringir a liberdade de expressão. Esse comitê divulgou recentemente um relatório sobre abusos de censura cometidos pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelo Supremo Tribunal contra mais de 150 perfis no X (antigo Twitter).
Recentemente, em 10 de abril, parlamentares da oposição viajaram ao Parlamento Europeu, em Bruxelas (Bélgica), para discutir com membros do grupo Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), de direita, sobre liberdade de expressão e violações de direitos humanos. Elon Musk inclusive compartilhou uma publicação sobre o encontro, criticando a censura no Brasil.
Bia Kicis, líder da minoria na Câmara, revelou à Gazeta do Povo que deputados europeus estão bastante interessados na situação política do Brasil e dispostos a apoiar a defesa da liberdade e a lutar contra qualquer tipo de censura.
Em outra ocasião, em fevereiro, um grupo da oposição se encontrou com parlamentares do Partido Republicano em Washington, capital dos Estados Unidos, para denunciar o comportamento do STF em relação aos inquéritos conduzidos por Moraes e às prisões dos envolvidos no 8 de Janeiro.
Essa busca por democracias liberais no Ocidente como aliadas para questões internas, marca uma mudança no entendimento da direita legislativa sobre conexões estrangeiras, especialmente na Europa. Anteriormente, o Parlamento Europeu era olhado com desconfiança por congressistas conservadores brasileiros devido à aprovação de pautas progressistas. No entanto, essa abordagem está sendo revista.
Marcelo Suano, cientista político do Ibmec São Paulo, observa que a direita brasileira percebeu a necessidade de se articular internacionalmente de maneira mais pragmática, o que representa uma mudança em relação à postura anteriormente mais voltada para os interesses nacionais.
Parlamentares da oposição também têm buscado apoio internacional após as revelações do Twitter Files Brasil, incluindo contatos com autoridades brasileiras sobre possíveis infrações às leis de proteção de dados dos cidadãos. Esses esforços indicam uma estratégia crescente da oposição para resistir à censura e buscar apoio internacional.Mostrar meno
