O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a política externa do governo Lula em uma postagem nas redes sociais. Desta vez, ele direcionou sua insatisfação aos 37 memorandos e acordos assinados entre Brasil e China durante a reunião do G-20, destacando especialmente seis deles. Bolsonaro ironizou os compromissos firmados e levantou dúvidas sobre as implicações para a soberania e os interesses nacionais.
Na postagem, Bolsonaro enumerou os seguintes acordos:
- Empréstimo do Banco de Desenvolvimento da China (CDB) ao BNDES, em moeda chinesa (5 bilhões de Renminbi);
- Parcerias em tecnologia nuclear;
- Colaboração em telecomunicações satelitais;
- Cooperação na economia digital;
- Acordos para o desenvolvimento sustentável da mineração;
- Uma parceria entre a Secom (Secretaria de Comunicação Social) e o grupo de mídia estatal da China.
“Preocupantes, ou não?”, concluiu o ex-presidente, questionando o impacto desses acordos para o Brasil.
Críticas ao alinhamento com a China
Bolsonaro e a oposição ao governo Lula têm destacado a aproximação do Brasil com a China como um ponto vulnerável na atual política externa. A parceria com um país que promove práticas autoritárias e influencia mercados globais é vista com desconfiança por críticos, especialmente em áreas sensíveis como tecnologia nuclear e telecomunicações.
“O governo está colocando o Brasil em uma posição subserviente a um regime sem compromisso com a democracia e com um histórico de violação de direitos humanos,” afirmou um parlamentar bolsonarista em suas redes.
Além disso, a utilização da moeda chinesa em transações bilaterais é vista como um avanço da agenda de internacionalização do Renminbi, uma estratégia da China para enfraquecer o dólar e consolidar sua posição geopolítica.
Pontos sensíveis: Mídia e mineração
A inclusão de um acordo entre a Secom e um grupo de mídia estatal chinês gerou ainda mais preocupações. Para críticos, esse tipo de cooperação pode influenciar a narrativa nacional e abrir espaço para a promoção de interesses estrangeiros em território brasileiro.
A mineração, outro tema dos memorandos, também é delicada. O setor, historicamente central para a economia brasileira, enfrenta desafios relacionados ao impacto ambiental e ao controle de recursos estratégicos. Com a China como principal consumidora de commodities brasileiras, há receio de que os interesses locais sejam sacrificados em favor de demandas externas.
Oposição pressiona por esclarecimentos
A postagem de Bolsonaro deu o tom de uma pressão crescente da oposição para que o governo Lula detalhe os termos desses acordos. Parlamentares aliados ao ex-presidente prometem convocar representantes da gestão federal para explicarem os compromissos assumidos.
“Não se trata de fechar as portas ao comércio com a China, mas de evitar acordos que possam comprometer nossa soberania e colocar o Brasil em posição de dependência,” declarou um líder da oposição.
A resposta do governo Lula
Até o momento, o governo não respondeu diretamente às críticas de Bolsonaro. Contudo, a diplomacia brasileira tem defendido uma estratégia de multilateralismo pragmático, buscando ampliar parcerias com diversas nações, incluindo potências emergentes como a China.
Apesar disso, a falta de transparência sobre os detalhes dos acordos assinados no G-20 alimenta a narrativa de vulnerabilidade da política externa petista, especialmente em temas que envolvem segurança nacional e infraestrutura estratégica.
A parceria com a China, embora importante para a economia, exige cautela e clareza, para que interesses nacionais não sejam sacrificados em nome de um alinhamento político questionável.