Em uma publicação no Instagram, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez duras críticas ao governo atual e comparou a situação do Brasil com a da Nicarágua, governada pelo ditador Daniel Ortega. A declaração de Bolsonaro vem após a divulgação de um relatório da Polícia Federal (PF) que menciona padres em um inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
“Estamos cada vez mais próximos da Nicarágua de Ortega”, escreveu Bolsonaro, aludindo à crescente repressão política no Brasil, semelhante à que ocorre em países com regimes autoritários, como a Nicarágua. O ex-presidente mencionou especificamente os padres Genésio Lamounier Ramos e Paulo Ricardo, que foram citados no relatório da PF, embora não tenham sido indiciados.
O relatório da PF, que resultou de investigações sobre o suposto golpe de Estado que teria sido orquestrado após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, traz à tona a participação de figuras religiosas. Um dos trechos do documento menciona que o padre Genésio, que teria orado no Palácio da Alvorada com Bolsonaro e seus apoiadores, incitou a realização de um golpe com a participação das Forças Armadas.
Já o padre Paulo Ricardo é citado em um email enviado pelo sacerdote José Eduardo, que pediu uma reunião com Bolsonaro para discutir questões relacionadas ao movimento pró-vida e à defesa da vida, pautas nas quais o ex-presidente e seus apoiadores tinham grande interesse. José Eduardo, por sua vez, foi indiciado no caso.
Bolsonaro criticou a inclusão desses religiosos no inquérito, questionando a validade das acusações e chamando o relatório de “fantasioso”. Ele comparou a situação a uma perseguição política semelhante à que ocorre na Nicarágua, onde opositores e religiosos têm sido alvo de repressão por parte do regime de Ortega, que justifica a perseguição acusando-os de conspiração para golpes de Estado.
“Coincidência? Que Deus tenha misericórdia do Brasil”, declarou Bolsonaro, expressando sua preocupação com o rumo da política brasileira.
O ex-presidente também se referiu à investigação e à possível acusação de que ele teria se envolvido na trama de um golpe, ao lado de figuras como o general Walter Braga Netto e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que também foram indiciados. O relatório final, que contém mais de 800 páginas, foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se irá apresentar a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro, que já foi citado nas investigações, reafirmou sua postura de que não cometeu nenhum crime e que, portanto, não tem motivos para sair do Brasil. Ele também criticou a atuação da Polícia Federal, insinuando que a investigação seria uma ferramenta para perseguir opositores políticos.
