Uma pesquisa realizada pelo PoderData entre os dias 14 e 16 de dezembro revelou uma queda expressiva na avaliação positiva do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos dois anos. O índice de pessoas que classificam a atuação da Corte como “ótima” ou “boa” despencou de 31% para apenas 12%.
Por outro lado, o percentual dos que consideram o desempenho do STF “ruim” ou “péssimo” aumentou significativamente, passando de 31% para 43% no mesmo período. Este patamar é ainda pior do que o registrado ao final do governo de Jair Bolsonaro, quando a rejeição ao tribunal chegou a 40%.
O levantamento entrevistou 2,5 mil pessoas em 192 municípios das 27 unidades federativas do Brasil. As entrevistas foram realizadas por telefone, com uma margem de erro de 2 pontos percentuais e um intervalo de confiança de 95%.
Atualmente, 34% dos entrevistados consideram o desempenho do STF “regular”, enquanto 11% afirmaram não ter opinião formada sobre o tema.
A piora na percepção pública da Corte acompanha uma série de eventos e decisões controversas:
- Mudança de gestão no STF: A transição da presidência de Rosa Weber para Roberto Barroso em setembro de 2023 trouxe debates sobre temas polêmicos, como aborto, descriminalização de drogas e regulação das redes sociais.
- 8 de janeiro e ações judiciais subsequentes: Após os atos golpistas no início de 2023, o STF intensificou investigações e julgamentos contra os envolvidos, o que dividiu opiniões na sociedade.
- Decisões controversas: O arquivamento de processos relacionados à Operação Lava Jato e discussões sobre a responsabilização de mídia também geraram críticas públicas.
A queda na avaliação do STF desde o início de 2023 foi de 19 pontos percentuais, o maior declínio em um período curto desde que o PoderData começou a monitorar as percepções sobre a Corte. A avaliação negativa atual supera os índices de rejeição registrados durante o governo Bolsonaro, um período marcado por embates constantes entre o Executivo e o Judiciário.
A pesquisa reflete um momento de crescente desconfiança em relação ao STF, com parte da população criticando a postura considerada por alguns como ativista em questões políticas e sociais. Esse cenário reforça a polarização em torno da atuação do tribunal, que continuará enfrentando desafios para equilibrar suas funções constitucionais e a percepção pública de imparcialidade.