Com a vitória do partido de centro-direita Aliança Democrática (AD) em Portugal, há preocupações de que a relação entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o país possa ser afetada. A ascensão da direita na Europa, evidenciada pela vitória da AD, pode dificultar os esforços de Lula para fortalecer os laços com os países ocidentais e também complicar o fechamento do acordo entre Mercosul e União Europeia, segundo especialistas consultados.
“Embora inicialmente possamos não ver mudanças significativas na relação Brasil-Portugal, é possível que haja impactos políticos entre os dois países. Contudo, o que mais preocupa é o acordo Mercosul-União Europeia. Com essa mudança de governo em Portugal, o novo governo tende a se opor ao acordo, o que pode inviabilizar as negociações”, avalia José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Analistas destacam que a ascensão da direita em Portugal, após nove anos de governo progressista, pode ter implicações políticas. Lula mantém uma boa relação com o atual presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, mas a mudança no cenário político pode alterar essa dinâmica.
A Aliança Democrática (AD), que conquistou 79 assentos no Parlamento Português, precisa buscar alianças para governar, podendo se aliar ao partido de direita nacionalista Chega ou ao Partido Socialista (PS) de centro-esquerda. Essas alianças determinarão a direção das relações entre Brasil e Portugal.
Guilherme Gomes, consultor de Política Internacional da BMJ Consultores Associados, sugere que uma coalizão entre AD e Chega, pode levar o segundo partido a influenciar o governo português a distanciar-se do Brasil. No entanto, ele acredita que não haverá uma ruptura drástica nas relações diplomáticas.
“Se a coalizão for entre AD e PS, é provável que as relações diplomáticas com o Brasil permaneçam inalteradas, dada a boa relação do PS com o governo Lula”, observa Gomes.
Para especialistas, a principal preocupação de Lula com a mudança política em Portugal é o destino do acordo Mercosul-União Europeia. As negociações, já em andamento há mais de duas décadas, enfrentam desafios devido a divergências entre as partes e podem ser ainda mais complicadas com a ascensão da direita na Europa.
