Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro apresenta versões desencontradas sobre suposta entrega de dinheiro por Braga Netto; defesa do general o chama de “mentiroso contumaz”
Em mais de duas horas de acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, entrou em contradição sobre diversos pontos-chave de seu depoimento, especialmente em relação à reunião na casa do general Braga Netto e à suposta entrega de dinheiro por parte do militar.
Segundo Cid, o encontro realizado em 12 de novembro de 2022 teria reunido militares insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais. O objetivo, segundo seu relato, seria discutir ações contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-ajudante afirma que deixou a reunião antes do fim e, dias depois, teria recebido uma sacola com dinheiro entregue por Braga Netto — mas suas declarações não foram coerentes.
O general Braga Netto, por sua vez, negou todas as acusações e classificou os relatos de Cid como inverídicos e inconsistentes, por meio de sua defesa.
Os principais pontos de contradição no depoimento de Cid
Local da entrega do dinheiro
Mauro Cid apresentou três versões diferentes sobre onde teria recebido o dinheiro supostamente entregue por Braga Netto:
- A garagem privativa do Palácio;
- A sala da ajudância de ordens;
- E o estacionamento próximo à piscina.
Essa mudança de local durante o depoimento enfraqueceu a narrativa apresentada.
- Condições da entrega
Cid afirmou que a sacola com dinheiro estava lacrada, mas também disse ter conseguido estimar o valor apenas pelo peso. Não soube especificar a quantia exata e tampouco apresentou qualquer tipo de comprovante ou testemunha do ato.
- Data incerta
O ex-ajudante alegou ter recebido o dinheiro cerca de uma ou duas semanas depois da reunião, mas não soube precisar a data exata. Estimou que o repasse teria ocorrido por volta de 9 de dezembro de 2022.
- Falta de provas materiais
Cid não apresentou provas da entrega do dinheiro, admitiu não haver testemunhas e confessou não lembrar do horário nem do local com clareza. Essa ausência de evidências concretas enfraquece as acusações.
- Mudança de versão à Polícia Federal
Em depoimentos anteriores, Cid não havia mencionado o repasse financeiro. Quando questionado na acareação, afirmou que omitiu por estar “em choque” com a prisão de colegas militares, o que teria afetado seu relato inicial.
Defesa de Braga Netto reage com veemência
A defesa do general Braga Netto reagiu de forma contundente às declarações, chamando Cid de “mentiroso contumaz”. O advogado José Luis de Oliveira Lima destacou que o ex-ajudante tem histórico de múltiplas versões e que faltam provas mínimas para sustentar suas alegações.
“É assustador o quanto ele mente”, afirmou Oliveira Lima. “Primeiro era um lugar, depois dois, agora são três possíveis locais para a entrega de dinheiro. Isso descredibiliza qualquer narrativa.”
A defesa questiona o uso da palavra de Cid como base para investigações e medidas judiciais severas, como ações penais ou cassações políticas. “É preocupante que o Supremo possa estar se apoiando em relatos tão instáveis. Isso é um escândalo.”
A acareação é mais um capítulo nas investigações em torno da suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. As contradições de Mauro Cid colocam em dúvida a solidez de parte da delação premiada que firmou com a Polícia Federal.
Embora Cid continue colaborando com as autoridades, o episódio reacende debates dentro do próprio STF e entre juristas sobre os limites da credibilidade de delatores, especialmente quando não há provas materiais que sustentem suas afirmações.
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro apresenta versões desencontradas sobre suposta entrega de dinheiro por Braga Netto; defesa do general o chama de “mentiroso contumaz”
Em mais de duas horas de acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, entrou em contradição sobre diversos pontos-chave de seu depoimento, especialmente em relação à reunião na casa do general Braga Netto e à suposta entrega de dinheiro por parte do militar.
Segundo Cid, o encontro realizado em 12 de novembro de 2022 teria reunido militares insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais. O objetivo, segundo seu relato, seria discutir ações contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-ajudante afirma que deixou a reunião antes do fim e, dias depois, teria recebido uma sacola com dinheiro entregue por Braga Netto — mas suas declarações não foram coerentes.
O general Braga Netto, por sua vez, negou todas as acusações e classificou os relatos de Cid como inverídicos e inconsistentes, por meio de sua defesa.
Os principais pontos de contradição no depoimento de Cid
Local da entrega do dinheiro
Mauro Cid apresentou três versões diferentes sobre onde teria recebido o dinheiro supostamente entregue por Braga Netto:
- A garagem privativa do Palácio;
- A sala da ajudância de ordens;
- E o estacionamento próximo à piscina.
Essa mudança de local durante o depoimento enfraqueceu a narrativa apresentada.
- Condições da entrega
Cid afirmou que a sacola com dinheiro estava lacrada, mas também disse ter conseguido estimar o valor apenas pelo peso. Não soube especificar a quantia exata e tampouco apresentou qualquer tipo de comprovante ou testemunha do ato.
- Data incerta
O ex-ajudante alegou ter recebido o dinheiro cerca de uma ou duas semanas depois da reunião, mas não soube precisar a data exata. Estimou que o repasse teria ocorrido por volta de 9 de dezembro de 2022.
- Falta de provas materiais
Cid não apresentou provas da entrega do dinheiro, admitiu não haver testemunhas e confessou não lembrar do horário nem do local com clareza. Essa ausência de evidências concretas enfraquece as acusações.
- Mudança de versão à Polícia Federal
Em depoimentos anteriores, Cid não havia mencionado o repasse financeiro. Quando questionado na acareação, afirmou que omitiu por estar “em choque” com a prisão de colegas militares, o que teria afetado seu relato inicial.
Defesa de Braga Netto reage com veemência
A defesa do general Braga Netto reagiu de forma contundente às declarações, chamando Cid de “mentiroso contumaz”. O advogado José Luis de Oliveira Lima destacou que o ex-ajudante tem histórico de múltiplas versões e que faltam provas mínimas para sustentar suas alegações.
“É assustador o quanto ele mente”, afirmou Oliveira Lima. “Primeiro era um lugar, depois dois, agora são três possíveis locais para a entrega de dinheiro. Isso descredibiliza qualquer narrativa.”
A defesa questiona o uso da palavra de Cid como base para investigações e medidas judiciais severas, como ações penais ou cassações políticas. “É preocupante que o Supremo possa estar se apoiando em relatos tão instáveis. Isso é um escândalo.”
A acareação é mais um capítulo nas investigações em torno da suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. As contradições de Mauro Cid colocam em dúvida a solidez de parte da delação premiada que firmou com a Polícia Federal.
Embora Cid continue colaborando com as autoridades, o episódio reacende debates dentro do próprio STF e entre juristas sobre os limites da credibilidade de delatores, especialmente quando não há provas materiais que sustentem suas afirmações.