A Receita Federal anunciou nesta quinta-feira, 22, que a arrecadação federal atingiu um novo recorde histórico em julho, totalizando 231 bilhões de reais. Esse valor representa um crescimento real de 9,5% em relação ao mesmo mês de 2023 e é o maior já registrado para julho desde 1995, ano seguinte à implementação do Plano Real. Este foi o oitavo mês consecutivo em que a arrecadação bateu recordes, refletindo o sucesso das estratégias fiscais lideradas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e impulsionadas por uma economia em aquecimento.
No entanto, mesmo com o aumento significativo na arrecadação, os recursos não devem ser suficientes para cobrir todas as despesas. “É claro que uma arrecadação forte é positiva para um governo deficitário, mas não será suficiente para atingir as metas fiscais de 2024 e 2025”, afirma o economista Murilo Viana, especialista em contas públicas. Os gastos continuam a crescer em ritmo acelerado, especialmente em áreas como Previdência e benefícios sociais. Esses custos, que estão atrelados ao salário mínimo, vêm aumentando acima do esperado, em parte devido aos reajustes do piso nacional que o presidente Lula implementou desde sua volta ao poder.
O governo estabeleceu como meta zerar o déficit das contas públicas neste ano e manter o equilíbrio em 2025. No entanto, o déficit fiscal acumulado nos 12 meses até junho foi de 260,7 bilhões de reais, equivalente a 2,3% do PIB, indicando que o objetivo ainda está distante. Além disso, o novo arcabouço fiscal, aprovado nesta gestão, estabelece um limite para o crescimento das despesas, que já foi ultrapassado.
Em resposta, o governo foi forçado a anunciar, em julho, o primeiro grande bloqueio de verbas ministeriais do ano, congelando 15 bilhões de reais do Orçamento. “As despesas claramente estão crescendo acima do limite máximo permitido, de 2,5% de aumento real, e o governo provavelmente terá que fazer novos cortes até o final do ano”, observa Viana.