Orçamento volta ao padrão de penúria que marcou anos de liderança em desmatamento
Assim que os holofotes da COP30 se apagaram em Belém, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará retornou ao antigo cenário de escassez. Após um ano de reforço artificial de recursos, destinado a apresentar uma boa imagem durante a conferência internacional do clima, o governo estadual promove agora uma sequência de cortes profundos no orçamento da pasta.
Em 2024 — ano da realização da cúpula e logo após a confirmação de Belém como sede — o governo paraense elevou o orçamento da secretaria para mais de R$ 1 bilhão, um salto abrupto diante dos R$ 207,2 milhões destinados em 2023.
Com o fim do evento, porém, a realidade voltou ao padrão histórico.
Cortes sucessivos no orçamento ambiental
2025
O primeiro impacto veio já em 2025: o orçamento caiu 34%, reduzindo-se para R$ 674,8 milhões.
2026
Para 2026, a tesoura será ainda mais pesada. O governo prevê apenas R$ 397,9 milhões, uma queda de 41% em relação a 2025.
Comparação com o ano da COP30
Tomando como referência o orçamento turbinado de 2024, a redução é ainda mais dramática:
🔻 menos 61% de recursos em apenas dois anos.
Investimentos também despencam
Os valores reservados para investimentos — fundamentais para fiscalização ambiental, combate ao desmatamento e ações de sustentabilidade — praticamente desapareceram:
- 2024 (ano da COP30): R$ 328,7 milhões
- 2026: R$ 77,1 milhões
Uma queda de 77%.
Contexto: Estado segue líder em desmatamento
O Pará há anos figura entre os líderes do ranking nacional de desmatamento. Especialistas já alertam que a queda no orçamento inviabiliza ações essenciais de fiscalização, monitoramento e regularização ambiental — justamente em um momento em que o governo estadual buscava projetar a imagem de referência climática ao sediar a conferência da ONU.
A redução brusca expõe o contraste entre o discurso sustentável adotado para o público internacional e a política real adotada após o término da COP.