Apesar de o governo anunciar que obras de saneamento da COP30 beneficiarão 500 mil pessoas, apenas 40 mil — cerca de 3% da população de Belém — passaram a ter acesso à coleta de esgoto.
A maioria das intervenções se concentra em drenagem e urbanização de canais, especialmente em áreas centrais da cidade.
Em bairros periféricos como Tapanã e Vila da Barca, o sentimento é de abandono. “Estão refazendo obra no centro só pra mostrar na COP, mas a nossa hora nunca chega”, diz Luciano Pereira, morador do entorno do igarapé Mata Fome.
Na região, o esgoto corre a céu aberto, e doenças como escabiose seguem comuns.
Especialistas apontam que os investimentos priorizam bairros com infraestrutura existente, como Umarizal, enquanto comunidades mais carentes seguem sem saneamento. “Querem que a gente fique com o cocô dos ricos”, protesta Inês Medeiros, da Vila da Barca, onde foi instalada uma estação elevatória de esgoto.
O governo diz que as obras são por etapas e que critérios técnicos definiram os locais.
Mas para atingir a meta de 90% de cobertura de esgoto até 2033, será preciso fazer muito mais — e muito além da COP30.