Mais uma vez, o governo Lula (PT) demonstra total desalinhamento com os interesses da indústria nacional. A revelação de um acordo entre o Brasil e a China para expandir a participação chinesa no setor ferroviário causou forte revolta entre representantes da indústria ferroviária brasileira, que se manifestaram publicamente contra o que consideram um ataque direto à soberania industrial do país.
Em nota oficial divulgada nesta semana, a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE) expressaram “profunda indignação” com o anúncio da parceria bilateral entre Lula e o líder chinês, Xi Jinping.
O acordo, que inclui a criação de um fórum bilateral e prevê a instalação de unidades chinesas para a produção de trens, metrôs, VLTs e monotrilhos em solo brasileiro, foi celebrado por Lula como mais um passo para “tirar do papel rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão”. Mas para os representantes da indústria, trata-se de mais um exemplo de desprestígio ao setor produtivo nacional.
“Não há vácuo a ser ocupado, fomos nós que sustentamos o setor”
Assinada por Vicente Abate, presidente da ABIFER, e Massimo Giavina, 1º vice-presidente do SIMEFRE, a nota destaca que, embora a cooperação internacional possa ser positiva, o Brasil deveria priorizar e valorizar sua própria indústria ferroviária, que possui histórico comprovado de qualidade, inovação e capacidade produtiva.
As entidades lembram que foram as empresas brasileiras que suportaram longos períodos de ociosidade e instabilidade de demanda, mantendo viva a indústria ferroviária no país mesmo sem o apoio efetivo do governo. “Não há vácuo na indústria nacional a ser ocupado”, diz o comunicado. “Quem arcou com os elevadíssimos índices de ociosidade pela inconstância de pedidos fomos nós, a indústria ferroviária brasileira.”
Uma decisão que ameaça empregos, soberania e inovação
A nota enfatiza que investir na indústria nacional é estratégico para o desenvolvimento econômico e social do país, além de vital para a sustentabilidade e inovação tecnológica. “O Estado brasileiro precisa zelar por nossas capacidades e garantir a geração de emprego e renda aos brasileiros”, afirma o texto, em uma crítica direta à opção do governo Lula por privilegiar o capital e a mão de obra estrangeiros.
Em vez de criar um ambiente de valorização e fortalecimento da produção local, o Palácio do Planalto parece seguir a lógica de subserviência ao capital chinês, entregando à China setores estratégicos da infraestrutura brasileira — como já ocorreu com energia e tecnologia — agora com o setor ferroviário entrando na lista.
Descompromisso com o Brasil
Mais do que uma questão técnica, o episódio expõe o descompromisso do governo Lula com a indústria nacional, além de representar um contrassenso frente ao discurso eleitoral petista, que prometia retomar empregos, reindustrializar o país e promover “soberania produtiva”.
O que se vê, no entanto, é um governo que prefere importar soluções em vez de apostar nas capacidades que o Brasil já tem. Enquanto a retórica fala em “desenvolvimento”, as ações revelam um projeto de dependência econômica e submissão tecnológica.
A nota da ABIFER e do SIMEFRE termina com um apelo direto: “A valorização da indústria nacional é um compromisso com o presente e com o futuro do Brasil”.
Resta saber se o governo federal está disposto a ouvir — ou se continuará agindo como balcão de negócios internacionais, mesmo que isso custe empregos, soberania e o futuro da indústria brasileira.