Em meio a um cenário de incerteza para empresários e investidores, cresce a necessidade de uma abordagem mais cautelosa por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando-se a importância de menos gastos e mais estabilidade na economia.
Após um crescimento em 2023, as previsões otimistas indicam uma expansão econômica próxima a 2% em 2024, mantendo-se em um ritmo constante nos anos seguintes. No entanto, é crucial reconhecer que, no último ano, apenas 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB) foi investido em meios de produção, uma das taxas mais baixas do século. Embora a redução dos juros possa encorajar investimentos, a decisão de investir também depende de previsibilidade e confiança.
As expectativas dos empresários deterioraram-se em fevereiro, de acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e uma nova queda é esperada neste mês, conforme indicado pela última prévia. Embora haja uma confiança generalizada no setor industrial, os indicadores permanecem pouco acima de 50, na linha divisória entre otimismo e pessimismo.
Enquanto o presidente Lula tem adotado um discurso otimista, promovendo investimentos sociais e gastos para estimular a economia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca eliminar o déficit primário. A próxima fase deve priorizar a retomada do crescimento com segurança, embora haja um claro contraste entre o discurso político e o plano econômico.
Por enquanto, o Ministério do Planejamento estima um déficit primário de R$ 9,3 bilhões nas contas federais em 2024, correspondente a 0,1% do PIB. Com um maior crescimento econômico, financiar as despesas do governo e reduzir o déficit nas contas da União será mais viável.
O crescimento do PIB neste ano dependerá mais da indústria do que em 2023, quando a atividade econômica foi impulsionada principalmente pela agropecuária. A capacidade da indústria em assumir esse papel nos próximos meses ainda é incerta.
Embora a redução dos juros possa impulsionar o consumo e a expansão dos negócios, é difícil prever até que ponto os juros poderão cair. Apesar dos cortes recentes, o custo real do dinheiro ainda permanece alto, e a política monetária mais cautelosa do Banco Central levanta preocupações.
É fundamental que o presidente Lula reconheça essa nova orientação da política monetária e apoie os esforços para reequilibrar as contas públicas anunciados pelo ministro da Fazenda. Um abordagem prudente e focada em resultados de longo prazo será mais benéfica para a economia do que uma estratégia voltada para ganhos imediatos, que poderia alimentar a inflação e a insegurança econômica.