O crescimento do PIB brasileiro em 2024 foi de 3,4%, o melhor resultado desde 2021, quando a economia avançou 4,8% no cenário de recuperação pós-pandemia, segundo dados do IBGE. No entanto, boa parte desse crescimento se deve ao aumento dos gastos públicos, impulsionando artificialmente a economia.
Enquanto no Brasil o governo do PT usa o aumento de despesas como motor do PIB, nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump quer reformular a forma de cálculo do indicador, excluindo o impacto das despesas governamentais para tornar os dados mais transparentes.
O peso do governo no PIB: um problema?
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2023 os gastos públicos representaram 36% do PIB nos EUA, enquanto no Brasil essa participação foi de 45%. Com o aumento do Bolsa Família, despesas previdenciárias, elevação do salário mínimo acima da inflação e outros programas sociais, a estimativa é que essa fatia já esteja próxima de 47%.
Na prática, isso significa que o crescimento do PIB brasileiro depende cada vez mais do setor público e menos da geração de riqueza pelo setor privado. Esse fenômeno gera um efeito artificial, pois a economia parece crescer, mas sem a base sustentável necessária para gerar emprego e desenvolvimento de longo prazo.
Trump e a reformulação do PIB nos EUA
Nos Estados Unidos, Trump quer mudar a metodologia de cálculo do PIB para diferenciar o que vem da atividade privada e o que é apenas gasto do governo. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, explicou a lógica da proposta:
“Se o governo compra um tanque, isso é PIB. Mas pagar mil pessoas para pensar em comprar um tanque não é PIB. Isso é ineficiência, dinheiro desperdiçado.”
A ideia de Trump é mostrar que grande parte do crescimento econômico sob Joe Biden veio de despesas públicas e não do crescimento real do setor produtivo. Isso poderia justificar a desaceleração esperada com cortes de gastos e demissões promovidas pelo republicano em seu novo governo.
Gol de mão na economia
No Brasil, a situação é semelhante: o crescimento do PIB está fortemente atrelado ao aumento do gasto público, o que pode mascarar problemas estruturais da economia. O consumo das famílias já diminuiu no último trimestre de 2024, sinalizando um 2025 mais difícil.
O aumento das despesas públicas sem controle pode criar uma bolha econômica, elevando a dívida do país e pressionando a inflação. Se os investimentos privados não crescerem no mesmo ritmo, o efeito do crescimento impulsionado pelo governo pode ser apenas temporário—e insustentável.
Em outras palavras, a participação do governo Lula no PIB parece um gol de mão. E, diferentemente do futebol, na economia não há VAR para corrigir o placar.