O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), através do Ministério da Saúde liderado por Nísia Trindade, anunciou com entusiasmo a compra de milhões de doses da nova vacina contra a covid-19 em 2024. Contudo, números oficiais apontam que menos da metade dessas vacinas foi aplicada, levantando questionamentos sobre a eficiência da gestão de estoques e o planejamento das campanhas de imunização.
Uso limitado das vacinas adquiridas
Em abril de 2024, o Ministério da Saúde divulgou a aquisição de 12,5 milhões de doses da vacina atualizada contra a covid-19. Até agora, apenas 5,5 milhões de doses foram aplicadas, o que representa apenas 44% do total.
Com uma população de aproximadamente 215 milhões de brasileiros, a baixa adesão à vacinação reflete desafios na mobilização social e possíveis falhas na logística de distribuição.
Compras adicionais e estoque crescente
Mesmo com o subaproveitamento do estoque inicial, o Ministério da Saúde anunciou em novembro a compra de mais 69 milhões de doses, suficientes para abastecer o país pelos próximos dois anos. Além disso, em outubro, foi realizada outra compra emergencial de 1,2 milhão de doses.
Essas aquisições elevaram o valor total dos contratos para R$2,9 bilhões, segundo informações do Ministério da Saúde.
Custos e economia questionáveis
Embora o governo tenha declarado que essas negociações trouxeram uma economia de R$1 bilhão em comparação com contratos anteriores, críticos apontam que a real economia depende do uso eficaz dos insumos adquiridos. Vacinas não aplicadas podem resultar em desperdício de recursos públicos, especialmente considerando que as doses têm prazo de validade.
Entre os fatores que podem ter contribuído para o baixo índice de aplicação estão:
- Desinteresse da população: Após os momentos mais críticos da pandemia, muitos brasileiros podem ter relaxado na busca por doses de reforço.
- Comunicação inadequada: Falhas em campanhas educativas e informativas podem ter dificultado o engajamento da população.
- Logística e distribuição: Problemas na distribuição das vacinas para áreas mais remotas podem ter limitado o alcance da campanha.
Com estoques crescentes e resultados abaixo do esperado, o governo Lula enfrenta a difícil tarefa de justificar gastos bilionários e encontrar formas de aumentar a adesão da população às campanhas de vacinação. A eficiência na gestão dos insumos será crucial para evitar que investimentos robustos acabem resultando em desperdício.
A situação atual traz à tona questões sobre o planejamento estratégico do Ministério da Saúde, que precisa alinhar aquisições, campanhas de conscientização e a logística necessária para alcançar todas as regiões do país de forma eficaz.