Desde que o Partido dos Trabalhadores (PT) voltou à Presidência da República com a eleição de Lula, o volume de filiados do partido em cargos de confiança aumentou significativamente, segundo O Globo. Um levantamento recente mostra que filiados do PT ocupam 9% dos cargos comissionados, um aumento de dez vezes em relação ao período em que o partido estava fora do governo federal, quando ocupavam apenas 0,9% dessas posições.
Crescimento dos filiados do PT em cargos de confiança
O levantamento foi realizado com base em dados de filiação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cruzados com informações sobre servidores públicos comissionados, ou seja, aqueles que assumem seus postos por meio de nomeação. Esse aumento é maior do que o registrado em administrações de antecessores pertencentes a outras legendas, como Jair Bolsonaro (PL), Michel Temer (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ministérios com maior número de filiados ao PT
Os resultados apontam para uma correlação direta entre a filiação partidária dos ocupantes dos cargos e os ministros responsáveis pelos respectivos órgãos. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, sob a liderança de Paulo Teixeira, deputado federal licenciado pelo PT, é o que possui o maior número de filiados ao partido. Na pasta e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), vinculado ao ministério, os índices de ocupação por petistas chegam a 34%.
No Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho de Luiz Marinho, também do PT, sete dos dez cargos comissionados são preenchidos por filiados ao partido.
Demais partidos da esquerda e os cargos comissionados
Na esfera da esquerda, os cargos ligados ao PSOL estão predominantemente concentrados nos ministérios dos Povos Indígenas, Direitos Humanos e Igualdade Racial, dirigidos por membros da legenda ou alinhados aos seus ideais programáticos. O PSOL ocupa 0,8% dos cargos totais no governo.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) tem uma presença destacada nos ministérios do Empreendedorismo e Desenvolvimento, Indústria e Comércio, liderados respectivamente por Márcio França e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Um em cada cinco cargos na pasta de França é ocupado por integrantes do PSB.
Comparação com gestões anteriores
Durante o governo Bolsonaro, em janeiro de 2022, o PL estava à frente de apenas 1% dos cargos comissionados. A pesquisa “Filiações partidárias e nomeações para cargos da burocracia federal (1999-2018)”, conduzida por Felix Lopez e Thiago Moreira da Silva, destaca que, no fim da gestão Fernando Henrique Cardoso, o PSDB possuía 4,4% desses cargos.
Nos governos Lula e Dilma Rousseff, houve um aumento significativo das indicações petistas para cerca de 15%.