A pressão popular gerada por uma manifestação agendada para 7 de setembro é o núcleo da estratégia de oposição para tentar viabilizar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o recente escândalo envolvendo o vazamento de mensagens de seus assessores. Simultaneamente, senadores estão buscando alterar o regimento do Senado para evitar que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), possa barrar o pedido de impeachment.
A manifestação, convocada pelo pastor Silas Malafaia, acontecerá na Avenida Paulista, em São Paulo. Em seguida, no dia 9, durante a última semana de funcionamento do Congresso antes das eleições, deve ser protocolado um pedido coletivo de impeachment contra Moraes, coordenado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE). O pedido incluirá novas denúncias e uma lista de assinaturas de apoiadores.
Com a negativa de Pacheco em aceitar o pedido e a defesa de Moraes por seus colegas no STF, analistas e congressistas acreditam que a mobilização popular é crucial para o sucesso da iniciativa. “Espero que tenhamos o maior pedido de impeachment da história, com assinaturas de parlamentares, juristas e milhões de brasileiros, a ser entregue ao presidente Pacheco”, afirmou Girão.
A meta do senador é superar as 2 milhões de assinaturas do abaixo-assinado de março de 2021, que exigiu o impeachment de Moraes por crimes de responsabilidade e a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Na ocasião, o comentarista político Caio Coppola e o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) lideraram a iniciativa.
Os senadores mais envolvidos na defesa do impeachment incluem Marcos Rogério (PL-RO), Carlos Portinho (PL-RJ), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Cleitinho (Republicanos-MG) e Plínio Valério (PSDB-AM). Na Câmara, a maioria dos integrantes das bancadas do PL e do Novo está empenhada na causa, especialmente Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
As mensagens vazadas deram impulso ao pedido de impeachment, que será somado a outros 23 pedidos contra Moraes no Senado. As denúncias incluem a utilização por Moraes e sua equipe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para perseguir jornalistas e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) com relatórios forjados.
Segundo a Folha de S.Paulo, Moraes solicitou ao juiz instrutor Airton Vieira a criação de relatórios direcionados a alvos específicos, que foram posteriormente enviados ao seu gabinete no STF para serem usados no inquérito das fake news, disfarçados como monitoramentos espontâneos. A oposição tem cobrado Pacheco desde a revelação das denúncias na terça-feira (13).
O Senado, único órgão que pode julgar e condenar juízes de tribunais superiores, nunca apreciou um pedido de impeachment de ministro do STF. “Essa perseguição implacável precisa acabar, e o Senado deve cumprir sua missão”, afirmou Eduardo Girão.
Malafaia, que convocou a manifestação, promete um discurso duro contra Moraes, chamando-o de “ditador da toga”. Ele destacou que, em qualquer outro país, o juiz estaria preso por usar gravações para perseguir cidadãos e políticos. Malafaia acredita que a pressão popular será decisiva para que os senadores não ignorem o pedido de impeachment.
Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que a manifestação em São Paulo mostrará a “indignação dos corajosos”, enquanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou a rápida defesa de Moraes pelos ministros do STF.
Jair Bolsonaro decidiu participar da manifestação de Malafaia, o que pode atrair um grande número de manifestantes. A presença do ex-presidente, mesmo com a divisão entre seus auxiliares sobre os possíveis impactos, é esperada para reforçar o ato e trazer maior visibilidade à causa.
*As informações são da Gazeta do Povo.
