Homens armados realizaram ataques coordenados em locais de culto em duas cidades da província do Daguestão, no extremo sul da Rússia, no domingo (23). Os ataques resultaram na morte de pelo menos 15 policiais, um padre ortodoxo e três civis, indicando uma operação violenta e bem planejada.
Sergey Melikov, líder da República do Daguestão, relatou que pelo menos seis “militantes” também foram mortos após os ataques em igrejas, sinagogas e postos policiais nas cidades de Derbent e Makhachkala, separadas por cerca de 120 quilômetros.
O Daguestão, localizado no norte do Cáucaso e predominantemente muçulmano, enfrentou historicamente conflitos separatistas e militância. A violência na região foi exacerbada pela guerra na Ucrânia, onde minorias étnicas foram mobilizadas de forma desproporcional para o combate.
Imagens e vídeos mostram grandes incêndios e fumaça saindo de uma sinagoga em Derbent, enquanto cenas filmadas de um prédio em Makhachkala mostram homens armados vestidos de preto atirando contra um carro da polícia.
Até o momento, nenhum grupo reivindicou responsabilidade pelos ataques, que ocorrem três meses após o ISIS-K, afiliado ao Estado Islâmico, assumir a autoria de um ataque em Crocus City Hall, em Moscou, deixando mais de 140 mortos – uma das piores atrocidades terroristas na Rússia em anos.
Autoridades russas informaram à agência estatal TASS que os agressores no Daguestão eram “afiliados a uma organização terrorista internacional”.
O Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia relatou nesta segunda-feira (24) que “militantes armados atacaram duas igrejas ortodoxas, duas sinagogas e postos policiais” nas duas cidades, declarando o fim das operações antiterrorismo em Makhachkala e Derbent.
O Muftiyat da República do Daguestão, uma organização islâmica local, inicialmente forneceu detalhes sobre as vítimas, mas posteriormente apagou as informações. Autoridades locais haviam relatado nove mortes e 25 feridos anteriormente.
Melikov mencionou a possível participação de “células adormecidas” nos ataques, sugerindo colaboração externa. Ele afirmou que novas investigações continuarão para identificar todos os envolvidos.
O Daguestão declarou três dias de luto, com bandeiras a meio mastro em homenagem às vítimas. Melikov anunciou apoio financeiro às famílias das vítimas durante esse período.
A violência atingiu uma pequena comunidade cristã e uma ainda menor população judaica no Daguestão, aparentemente alvos dos ataques. Um padre foi brutalmente morto em Derbent, com relatos de que sua garganta foi cortada.
Sinagogas em Derbent e Makhachkala também foram atacadas, segundo o Congresso Judaico Russo. A sinagoga de Derbent foi incendiada, enquanto a de Makhachkala foi alvo de tiros, sem vítimas relatadas entre a comunidade judaica.
A investigação está em andamento, com autoridades locais levantando especulações sobre o envolvimento da Ucrânia nos ataques, embora sem apresentar provas concretas.