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Venezuela fica sem espaço para armazenar petróleo em meio a bloqueio dos EUA

Por Alexandre Gomes

A petrolífera estatal PDVSA pode ser obrigada a interromper a produção diante das atuais condições

A Venezuela está ficando sem espaço para armazenar petróleo. Diante do bloqueio dos Estados Unidos, há dificuldades no escoamento da produção venezuelana, conforme a agência Bloomberg News nesta quarta-feira, 18. A expectativa é que a capacidade máxima seja atingida em até dez dias.

A partir da apreensão de um navio petroleiro, no último dia 10, exportadores passaram a temer novas operações, o que reduziu o fluxo de saída dos navios do país. Com a produção diária da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) em cerca de 1 milhão de barris, a falta de espaço pode levar à suspensão parcial das atividades.

A estatal informou ter restabelecido as entregas depois de sofrer um ataque cibernético no início desta semana e declarou que a exportação e a navegação dos navios seguem normalmente. Fontes consultadas pela Bloomberg relataram que os principais centros de armazenamento, assim como navios atracados nos portos, estão enchendo rapidamente.

Em resposta ao bloqueio anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o regime de Nicolás Maduro determinou que a Marinha escolte os navios petroleiros venezuelanos, o que aumenta a tensão militar no Mar do Caribe. Os navios protegidos não figuram na lista de sanções dos EUA, o que diminui o risco imediato de apreensão.

Uma fonte do governo norte-americano confirmou à Bloomberg que a Casa Branca acompanha as escoltas e avalia diferentes medidas, porém não detalhou quais ações podem ser tomadas. Já a PDVSA declarou, em comunicado, que seus navios continuam navegando “com total segurança, suporte técnico e garantias operacionais no exercício legítimo de seu direito à livre navegação”.

Pressão internacional e endurecimento das sanções

Trump anunciou, na noite da última terça-feira, 16, um “bloqueio total e completo” aos navios petroleiros que partem ou chegam à Venezuela e violam as sanções comerciais impostas pelos EUA. Segundo Samir Madani, do portal TankerTrackers.com, aproximadamente 40% das embarcações que transportaram petróleo venezuelano nos últimos anos já foram sancionadas.

O presidente dos EUA também acusou Maduro de utilizar o petróleo para financiar o regime chavista, além de terrorismo ligado a drogas, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros. “Pelos roubos de nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, contrabando de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista”, escreveu Trump nas redes socias.

O bloqueio proíbe totalmente navios sancionados de entrarem ou saírem do território venezuelano. De acordo com o site Axios, há 18 embarcações punidas pelos EUA atualmente em águas venezuelanas. Recentemente, autoridades norte-americanas apreenderam um navio com quase 2 milhões de barris de petróleo a caminho da Ásia, e outros podem ser confiscados em breve.

Depois do anúncio do bloqueio, Maduro conversou por telefone com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, denunciando uma “escalada de ameaças”. Durante a ligação, afirmou que “as declarações de Trump de que o petróleo, os recursos naturais e o território venezuelanos pertencem aos EUA são inaceitáveis”.

Venezuela usa estratégias para driblar as restrições

Desde 2019, no primeiro mandato de Trump, sanções vêm sendo aplicadas ao setor petrolífero venezuelano com o objetivo de pressionar a ditadura de Maduro, o que reduziu as exportações do país. Apesar das restrições, a Venezuela segue exportando cerca de 1 milhão de barris por dia e usa navios conhecidos como “fantasmas” para tentar driblar as punições.

Essas embarcações, frequentemente alvo de sanções, alteram nome ou bandeira e até utilizam identidades de navios já desmanchados para evitar rastreamento. Segundo a empresa de monitoramento do mercado S&P Global, aproximadamente um de cada cinco petroleiros no mundo é usado para contrabando de petróleo de países sob sanções, prática também adotada por Rússia e Irã.

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