A recente decisão do Brasil de vetar a entrada da Venezuela no Brics foi classificada pelo regime venezuelano como um “gesto hostil” e uma “agressão”. O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela emitiu um comunicado criticando o veto como “inexplicável e imoral”. Além da Venezuela, a Nicarágua também foi impedida de ingressar no grupo, o que elevou a tensão diplomática entre os países.
A entrada da Venezuela no bloco vinha sendo apoiada por outros membros, incluindo a Rússia, cujo presidente, Vladimir Putin, defendeu a adesão venezuelana durante a cúpula em Kazan, Rússia. No entanto, o Brasil manteve a oposição ao ingresso, uma posição que tem gerado atritos desde que o governo de Jair Bolsonaro reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela em 2019. Desde então, as relações diplomáticas foram retomadas com o início do governo Lula, mas tensões persistem.
A decisão de Lula teria sido influenciada por questões de direitos humanos e pelo processo eleitoral venezuelano, o qual o Brasil considera inadequado. A crescente repressão do governo de Maduro, somada às declarações provocativas de figuras venezuelanas como o procurador-geral Tarek William Saab, que recentemente acusou Lula de colaborar com a CIA, contribuiu para a deterioração da relação. Em resposta a críticas sobre os processos políticos internos, Maduro desdenhou dos líderes regionais, sugerindo que “tomassem um chá de camomila”.
A posição do Brasil é de que a adesão ao Brics exige “relevância política, equilíbrio regional e uma relação amigável com todos os membros”. Apesar de tentativas de diálogo, a hostilidade do governo de Nicolás Maduro tem tornado difícil uma colaboração mais estreita. Com a Nicarágua, os laços também se deterioraram, principalmente após o governo de Daniel Ortega ter expulsado o embaixador brasileiro, em uma atitude de represália pela ausência do Brasil na celebração da Revolução Sandinista.
Essas discordâncias refletem as dificuldades do Brasil em manter uma política externa que preza pela democracia e pelos direitos humanos, sem antagonizar parceiros regionais.