“Estamos testemunhando o nascimento de uma nova OTAN, o que significa uma OTAN mais equilibrada e uma OTAN com mais responsabilidade europeia.”
Líderes da OTAN apoiaram na quarta-feira o aumento dos gastos com defesa para 5% do produto interno bruto do país até 2035, uma grande vitória diplomática para o presidente Donald Trump, que há anos exige que aliados “parasitas” paguem sua parte justa por sua própria segurança.
Segundo a Reuters, quase todos os membros da OTAN apoiaram a declaração de compromisso com a meta, excluindo a Espanha e possivelmente a Eslováquia. A assinatura oficial é esperada para quarta-feira, antes do final da conferência.
A nova meta de gastos com defesa mais que dobra a meta atual de 2% da OTAN.
O compromisso de gastos é dividido em duas partes: 3,5% para gastos militares tradicionais, como defesa aérea e recrutamento, enquanto os 1,5% restantes podem incluir infraestrutura, como estradas e pontes que as tropas podem usar.
“Há uma convicção absoluta entre meus colegas na mesa de que, dada esta ameaça dos russos, dada a situação de segurança internacional, não há alternativa”, disse o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, aos repórteres.
O presidente finlandês Alexander Stubb, cujo país faz fronteira com a Rússia, descreveu a mudança como “o nascimento de uma nova OTAN, o que significa uma OTAN mais equilibrada e uma OTAN com mais responsabilidade europeia”.
A Espanha rompeu com a postura ao declarar que não precisa atingir a meta, alegando que pode cumprir seus compromissos gastando muito menos, um sentimento que irritou muitos na conferência, incluindo Rutte.
“Respeitamos plenamente o desejo legítimo de outros países de aumentar seus investimentos em defesa, mas não vamos fazê-lo”, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Em 2024, o gasto com defesa da Espanha, como parcela do PIB, era de 1,28%, o menor entre todos os membros da OTAN.
A Eslováquia parece pronta para seguir o exemplo da Espanha e rejeitar o aumento de gastos. O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, disse na terça-feira que seu país “tem outras prioridades nos próximos anos além do armamento”.
Władysław Kosiniak-Kamysz, vice-primeiro-ministro da Polônia, cujo país destina uma porcentagem maior do PIB para defesa do que qualquer outro membro da OTAN, criticou a falta de comprometimento da Espanha.
“Acreditamos que qualquer desvio deste princípio por qualquer país membro é um mau exemplo”, disse Kosiniak-Kamysz antes de voar para a cúpula.
“É incrivelmente injusto para a aliança”, disse outro funcionário da OTAN ao POLITICO.
Trump, que desde seu primeiro governo critica os membros da OTAN por gastos inadequados com defesa, deve se reunir separadamente com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky após a cúpula. Zelensky participou de um jantar pré-cúpula na terça-feira à noite, mas não foi convidado para a sessão principal de quarta-feira.
