Em medida controversa, o presidente Donald Trump permitiu que empresas como Nvidia e AMD retomar as exportações de chips de inteligência artificial — embora em versões “degradadas” — para a China. Em troca, o governo americano receberá uma fatia de 15% sobre as receitas geradas com essas vendas, configurando um modelo de negócio inédito entre Washington e o setor privado de tecnologia.
Historicamente, o controle de exportação de tecnologia avançada era considerado um pilar da segurança nacional, baseado em princípios não negociáveis. Agora, instaurou-se um mecanismo de “pagamento por permissão”. Especialistas e legisladores veem isso como um perigoso precedente de “pay-for-play” — prática equivalente a subordinar interesse público a ganhos corporativos.
Potenciais impactos e polêmicas
Para críticos, o acordo pode abalar a credibilidade dos mecanismos de controle tecnológico e militar dos EUA, além de favorecer a China no avanço de sua inteligência artificial. Alguns legalistas questionam se essa taxa seria um imposto sobre exportações disfarçado, algo expressamente proibido pela Constituição americana — uma decisão unilateral do Executivo sumariamente conduzida fora do Congresso.
Por outro lado, defensores do governo argumentam que os chips autorizados não representam riscos militares diretos, e que o modelo garante retorno financeiro direto ao governo. Ainda assim, há quem tema que isso crie um modelo de instabilidade regulatória — com empresas com poder econômico para moldar normas segundo seus interesses.
Manobra política que mistura investimento com interesses privados
A pressão por trás da reversão de postura parece ter sido intensa: o CEO da Nvidia, Jensen Huang, comprometeu um ambicioso investimento superior a US$ 500 bilhões para produção nacional. A proposta realinhou a política estadual ao comportamento do setor — que ganhou liberação expressa do presidente para exportar, mesmo após restrições anteriores.
Alguns veículos de mídia também apontam que Trump tem ações pessoais significativas na Nvidia e Apple, o que levanta suspeitas de favorecimento das empresas em que detém participação. A falta de blind trust e seu controle indireto das sanções fazem crescer o debate sobre conflito de interesses.