Uma greve ferroviária de quase seis dias está programada para interromper os trens em toda a Alemanha a partir da madrugada desta quarta-feira (24), marcando a maior paralisação do tipo na história do país.
O sindicato alemão GDL, representando principalmente maquinistas de trem, mas também outros funcionários da rede ferroviária, anunciou a greve na segunda-feira. A paralisação impactará os transportes de passageiros da Deutsche Bahn, a empresa ferroviária nacional alemã, das 2h da madrugada desta quarta-feira até a tarde da próxima segunda-feira. Além dos trens de longa distância, trens regionais e urbanos também serão afetados.
Os transportes de mercadorias já foram interrompidos algumas horas antes, na noite de terça-feira, e só serão retomados na segunda-feira às 18h, totalizando 144 horas.
Esta greve representa a quarta paralisação ferroviária na atual disputa entre a Deutsche Bahn e o GDL. O sindicato já convocou duas grandes greves no final de 2023 e uma terceira no início de janeiro, todas com três dias de duração, resultando em significativas reduções nos serviços.
A Deutsche Bahn tentou, sem sucesso, impedir greves anteriores por meio de medidas judiciais. Desta vez, a empresa anunciou que não buscará a intervenção da Justiça.
A convocação para a atual greve ocorreu após a Deutsche Bahn ter levado o GDL de volta à mesa de negociações na última sexta-feira, oferecendo um novo pacote salarial e condições que foram rejeitados pelo sindicato.
A última oferta da Deutsche Bahn ao GDL prevê um aumento salarial médio de 4,8% a partir de agosto, com mais 5% a partir de abril de 2025. Além disso, inclui um pagamento compensatório para cobrir a inflação, mantido por 32 meses. A partir de 2026, ofereceria aos funcionários em turnos rotativos a opção de reduzir a jornada semanal de 38 para 37 horas, ou receber um pagamento extra.
O GDL, por sua vez, exige um adicional de 550 euros por mês para os funcionários, um pagamento de compensação pela inflação mantido por apenas 12 meses, e uma redução imediata da carga horária de 38 para 35 horas semanais, sem alteração salarial.
Os custos da greve afetarão não apenas a Deutsche Bahn, mas também outras empresas alemãs que dependem do transporte ferroviário. A Alemanha, considerada o “coração logístico” da Europa, verá impactos nos países vizinhos, uma vez que quase 60% dos serviços de transporte de mercadorias da Deutsche Bahn são realizados em todo o continente. As greves podem causar prejuízos de até 100 milhões de euros por dia, de acordo com análises de paralisações anteriores. Os custos de uma greve de seis dias podem se multiplicar rapidamente, atingindo potencialmente 1 bilhão de euros. Além disso, o impacto na confiança no transporte ferroviário de cargas pode ser duradouro, afetando a imagem da Alemanha como local de negócios. O setor de logística pode perder confiança no transporte ferroviário de mercadorias, e a Deutsche Bahn já enfrenta desafios devido a falhas técnicas, infraestrutura ultrapassada e problemas contínuos.