Ucrânia ausente de reuniões entre EUA e Rússia
O presidente Donald Trump disse na terça-feira que acredita que pode acabar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia após reuniões entre autoridades americanas e russas na Arábia Saudita.
No entanto, Trump também pareceu dar uma alfinetada no presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy por não terminar a guerra antes, depois que Zelenskyy fez comentários sobre a Ucrânia não estar envolvida nessas discussões. Trump também pareceu sugerir que a Ucrânia começou o conflito, embora a Rússia tenha invadido a Ucrânia em 2022.
“Acho que tenho o poder de acabar com essa guerra, e acho que está indo muito bem. Mas hoje ouvi: ‘Oh, não fomos convidados'”, disse Trump na terça-feira em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida. “Bem, vocês estão lá há três anos. Vocês deveriam ter acabado com isso há três anos [atrás]. Vocês nunca deveriam ter começado. Vocês poderiam ter feito um acordo.”
Trump também disse que a Rússia não era a única a exercer pressão para forçar a Ucrânia a realizar uma eleição. Uma das condições da Rússia para assinar um acordo de paz inclui a Ucrânia realizar uma eleição, quase um ano após o término do mandato de cinco anos de Zelenskyy.
Zelenskyy permaneceu em sua posição liderando Kiev porque a constituição ucraniana proíbe a realização de eleições sob lei marcial. A Ucrânia está sob lei marcial desde fevereiro de 2022.
Ainda assim, Trump sinalizou que os EUA e outras nações apoiam uma eleição.
“Isso não é uma coisa da Rússia”, disse Trump. “Isso é algo vindo de mim e de muitos outros países também, você sabe. A Ucrânia está sendo… simplesmente eliminada.”
As discussões iniciais entre autoridades do governo Trump e a Rússia na Arábia Saudita na terça-feira representaram um “marco significativo” na garantia da paz entre a Rússia e a Ucrânia, de acordo com o secretário de imprensa da Casa Branca.
O Secretário de Estado Marco Rubio, o Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Mike Waltz e o Enviado Especial para o Oriente Médio Steve Witkoff se encontraram em Riad com o Ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov e o conselheiro de relações exteriores do Presidente Vladimir Putin Yuri Ushakov para discutir maneiras de acabar com o conflito. A Ucrânia estava ausente das negociações na Arábia Saudita.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a fornecer detalhes sobre as discussões, mas disse que o governo Trump estava comprometido em intermediar um acordo de paz para encerrar o conflito entre os dois países.
“O que vou dizer é que sentar à mesa hoje foi um primeiro passo significativo em direção à paz”, disse Leavitt a repórteres na Casa Branca na terça-feira.
Zelenskyy disse durante uma entrevista coletiva conjunta com o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan na terça-feira que o convite para as negociações não foi estendido à Ucrânia e que ele estava adiando uma viagem programada para a Arábia Saudita até março.
Zelenskyy enfatizou que a Ucrânia deve estar envolvida nas negociações e disse no domingo que a Ucrânia não aceitaria um acordo de paz se seu país estivesse ausente das negociações.
Mas Leavitt disse que todos teriam um assento à mesa de negociações — incluindo outros aliados europeus — enquanto o governo Trump busca avançar em um acordo de paz.
“Estamos garantindo que todas as partes sejam ouvidas”, disse Leavitt em uma entrevista ao “America Reports” da Fox News na terça-feira. “Mas você tem que falar com ambos os lados da guerra para realmente negociar um acordo e resolver o problema. E este é um primeiro passo significativo em direção à paz.”
Leavitt disse que Trump estava em correspondência com Zelenskyy e falou com outros aliados europeus, como o presidente francês Emmanuel Macron, na segunda-feira. Ela também disse que Trump se encontrará com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, na Casa Branca na próxima semana.
Trump e Zelensky também conversaram por telefone na quarta-feira sobre as negociações, e Zelenskyy disse que transmitiu que acredita que Putin não está interessado na paz com a Ucrânia.
“Eu disse que [Putin] é um mentiroso”, disse Zelenskyy em uma entrevista ao “Meet the Press” da NBC que foi ao ar no domingo. “E ele disse, ‘Acho que meu sentimento é que ele está pronto para essas negociações.’ E eu disse a ele, ‘Não, ele é um mentiroso. Ele não quer paz.'”
Embora Zelenskyy tenha expressado gratidão pelo apoio dos EUA, ele disse que não há “líder no mundo que possa realmente fazer um acordo com Putin sem nós, sobre nós”.
“Nunca aceitarei nenhuma decisão entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Ucrânia”, disse Zelenskyy no “Meet the Press”.
Mas Trump ofereceu garantias de que Zelenskyy estaria envolvido nas negociações de paz e disse aos repórteres no domingo, na pista do Aeroporto Internacional de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, que a Ucrânia teria um assento na mesa de negociações.
A primeira ação que os EUA planejam tomar após as reuniões com autoridades russas é “restabelecer a funcionalidade de nossas respectivas missões em Washington e em Moscou”, disse Rubio a repórteres da Associated Press e da CNN.
“Para que possamos continuar avançando nesse caminho, precisamos ter instalações diplomáticas operando e funcionando normalmente”, disse Rubio, de acordo com uma transcrição do Departamento de Estado.
