Declaração aumenta tensão diplomática entre Brasília e Washington
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou nesta quinta-feira (11) que Washington dará uma resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O líder da diplomacia norte-americana não detalhou quais medidas seriam adotadas, mas classificou o julgamento como parte de uma “caça às bruxas” conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “violador de direitos humanos sancionado”.
“As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros da Suprema Corte do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”, escreveu Rubio em sua conta no X (antigo Twitter).
Condenação e reação do Itamaraty
Na quinta-feira, o STF condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão sob acusação de planejar um golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2023.
Em resposta às declarações de Rubio, o Itamaraty afirmou que os comentários representam uma ameaça externa e um ataque à soberania brasileira.
“A democracia brasileira não será intimidada pelo governo dos EUA”, disse a chancelaria, reforçando que as decisões do STF foram baseadas em provas “claras e consistentes”.
Trump critica condenação
O ex-presidente norte-americano Donald Trump, aliado próximo de Bolsonaro, também se pronunciou. Ele comparou o caso brasileiro aos processos judiciais que enfrenta nos Estados Unidos:
“Achei que ele foi um bom presidente do Brasil. É surpreendente que isso tenha acontecido, assim como tentaram fazer comigo. Mas posso sempre dizer o seguinte: ele era um bom homem”, disse Trump.
O republicano criticou o sistema judiciário brasileiro e chegou a ameaçar a imposição de novas tarifas comerciais ao Brasil. Em julho, seu governo já havia decretado tarifas de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros, posteriormente flexibilizadas para setores estratégicos, como automóveis e aviação civil.
Sanções contra Moraes e aliados
Segundo Rubio, além das tarifas, os vistos de Alexandre de Moraes, de familiares e de aliados na Corte já foram revogados. O Departamento do Tesouro dos EUA também aplicou sanções contra o ministro, acusando-o de autorizar detenções arbitrárias e restringir a liberdade de expressão.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, disse acreditar que os EUA adotarão medidas ainda mais duras após a condenação.
“Teremos uma resposta firme contra essa ditadura que está se instalando no Brasil. Se os ministros do STF continuarem seguindo Moraes, eles também podem enfrentar sanções sob a Lei Magnitsky”, declarou à Reuters.
Escalada diplomática
As declarações de Rubio e Trump elevam a tensão entre Brasília e Washington, abrindo espaço para possíveis retaliações econômicas e diplomáticas. O Itamaraty reforça que considera a situação uma interferência externa indevida nos assuntos internos do Brasil.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro apostam no apoio político e estratégico dos EUA para pressionar o governo brasileiro e o STF.