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quinta-feira, 28 novembro, 2024
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Reviravolta na França: Direita surge como favorita em eleições antecipadas

Por Marina B.

O presidente francês, Emmanuel Macron, surpreendeu ao anunciar a antecipação das eleições para a Assembleia Nacional, originalmente previstas para 2027, convocando-as para os dias 30 de junho e 7 de julho, em dois turnos. Uma pesquisa recente, divulgada nesta segunda-feira (10), revela que, se as eleições fossem realizadas hoje, o partido de direita União Nacional, liderado por Marine Le Pen, sairia vitorioso.

Segundo o levantamento conduzido pela Toluna Harris Interactive para Challenges, M6 e RTL, o partido eurocético e anti-imigração veria um salto dos atuais 88 deputados para uma estimativa de 235 a 265. Apesar disso, essa bancada ainda não alcançaria a maioria absoluta, necessitando de 289 cadeiras.

Por sua vez, a aliança de centro liderada por Macron encolheria de 250 deputados para uma faixa entre 125 e 155. Já os partidos de esquerda, que compõem a oposição ao governo, mas também não se alinham com a direita, reuniriam entre 115 e 145 cadeiras.

A perspectiva de um governo liderado pela União Nacional colocaria Macron em um cenário de coabitação, uma vez que seu mandato vai até 2027. Contudo, mesmo se essas intenções de voto se concretizassem, não seria garantido que o grupo de Le Pen conseguiria formar governo.

É possível que o centro e parte da esquerda se unam para bloquear a ascensão da direita, permitindo a Macron formar um governo de minoria. No entanto, essa união não implicaria em apoio às políticas públicas propostas pelo presidente, resultando em um governo paralisado.

Le Pen, que foi derrotada por Macron nas eleições de 2017 e 2022, desponta como favorita nas pesquisas para as eleições presidenciais de 2027.

A decisão repentina de Macron de convocar eleições visa chocar os eleitores franceses. Enquanto depositar um voto de protesto nas eleições parlamentares europeias é uma coisa, eleger um governo de direita é algo completamente diferente.

Caso um governo de direita seja formado, Macron provavelmente apostará no desgaste desse governo até as eleições de 2027. Questões como o apoio francês à Ucrânia poderiam ficar comprometidas.

Os franceses estão descontentes com o aumento do custo de vida decorrente do desequilíbrio entre oferta e demanda após o término da pandemia e das sanções impostas ao petróleo e gás da Rússia. Além disso, uma parcela da população não aprova as reformas liberais de Macron, que incluem o aumento da idade de aposentadoria e a retirada de subsídios para combustíveis.

Enquanto isso, a União Nacional propõe aumentar os gastos, priorizar os cidadãos franceses na prestação de serviços públicos e restringir a imigração.

Essa perspectiva não agrada aos mercados. O euro caiu 0,6% em relação ao dólar na segunda-feira, e as ações de empresas líderes na Bolsa de Valores de Paris recuaram 1,4%.

As eleições antecipadas ocorrerão pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, prevista para o dia 26 de julho, ampliando sua repercussão internacional.

Macron anunciou a convocação das eleições no domingo à tarde (9), após pesquisas de boca de urna indicarem a vitória do grupo de Le Pen nas eleições para o Parlamento Europeu. A União Nacional obteve 31,4% dos votos, enquanto a aliança Renascimento, de Macron, ficou com 14,6%.

O avanço da direita também foi observado na Alemanha. O partido Alternativa para a Alemanha, de origem nazista, aumentou sua votação para o Parlamento Europeu de 11% em 2019 para 16%. Entretanto, ao contrário da França, a União Democrata-Cristã, de direita moderada, ficou em primeiro lugar, com 30%.

Apesar do crescimento da direita, os conservadores moderados continuam predominando no Parlamento Europeu, composto por 720 cadeiras. O partido mais votado foi o Partido Popular Europeu, de centro, que, segundo projeções, conquistou 186 cadeiras. Somando-se aos Socialistas e Democratas (135), Renova Europa (79) e Verdes (53), as forças moderadas totalizam 453 deputados.

Por outro lado, a direita deve obter 131 cadeiras – com 73 deputados do grupo Conservadores e Reformistas Europeus e 58 da Identidade e Democracia. A esquerda forma uma força separada, com 36 cadeiras. As 100 cadeiras restantes devem ser ocupadas por independentes, de acordo com os resultados preliminares.

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