Agentes federais revistaram a residência do prefeito de Nova York, Eric Adams, na manhã de quinta-feira, depois que ele foi indiciado por acusações criminais após uma longa investigação que deixou o governo da maior cidade dos EUA em crise.
Um veículo utilitário esportivo preto com uma placa dizendo “Polícia Federal” no painel estava estacionado em frente à casa do prefeito, Gracie Mansion, no Upper East Side de Manhattan, de acordo com uma testemunha da Reuters.
Cerca de uma dúzia de pessoas em trajes profissionais foram vistas entrando no terreno da mansão com pastas e bolsas de lona, disse a testemunha.
As acusações exatas que Adams enfrenta permanecem incertas, já que a acusação ainda estava sob sigilo. Não ficou claro se Adams seria preso ou se renderia voluntariamente, e quando ele pode comparecer ao tribunal.
Um porta-voz do gabinete do procurador dos EUA em Manhattan, que apresentou as acusações, se recusou a comentar na quarta-feira depois que o New York Times e outros meios de comunicação relataram que Adams havia sido indiciado por um grande júri, citando pessoas não identificadas familiarizadas com o assunto.
Adams, um democrata que se tornaria o primeiro dos 110 prefeitos da cidade a ser acusado criminalmente enquanto estava no cargo, disse em uma declaração em vídeo na quarta-feira à noite que esperava ser acusado – e que as acusações seriam “completamente falsas, baseadas em mentiras”.
Em sua mensagem de vídeo, Adams prometeu permanecer no cargo enquanto luta contra quaisquer acusações, desafiando os apelos de outros políticos democratas para que renunciasse.
“Se eu for acusado, sei que sou inocente. Solicitarei um julgamento imediato para que os nova-iorquinos possam ouvir a verdade”, disse Adams.
O caso provavelmente complicará qualquer tentativa de Adams de reeleição em 2025. Outros políticos democratas, incluindo o controlador da cidade de Nova York, Brad Lander, planejam desafiar Adams — que já foi um aliado importante do presidente democrata Joe Biden — pela indicação do partido.
Antes que a notícia fosse divulgada, a representante dos EUA Alexandria Ocasio-Cortez, também democrata, se tornou a primeira integrante do Congresso a pedir que ele renunciasse, dizendo que seria “para o bem da cidade”.
O Times, citando um mandado de busca, relatou no início de novembro de 2023 que autoridades federais estavam investigando a possível aceitação de doações ilegais pela campanha de Adams em 2021, inclusive pelo governo turco.
A investigação, conduzida pelo gabinete do procurador dos EUA em Manhattan, se concentrou em saber se a campanha de Adams para prefeito em 2021 conspirou com uma construtora do Brooklyn para canalizar dinheiro estrangeiro para a campanha por meio de um esquema de doadores fantasmas, disse o Times.
As autoridades também buscaram informações sobre as interações de Adams com Israel, China, Catar, Coreia do Sul e Uzbequistão, de acordo com o Times.
Adams, 64, um ex-policial que chegou ao posto de capitão, negou repetidamente qualquer irregularidade e disse que está cooperando com a investigação.
