Estudo revela ‘ambiente hostil e inseguro’ para estudantes judeus em 90 instituições norte-americanas
Um relatório elaborado pela organização StopAntisemitism denuncia que os campi universitários dos Estados Unidos enfrentam, em 2025, “a maior onda de antissemitismo da história moderna”. O documento, baseado em centenas de incidentes verificados em 90 instituições de ensino superior, afirma que estudantes judeus relatam um ambiente marcado por medo, isolamento e falhas institucionais na proteção de seus direitos.
Segundo o estudo, mais de 140 campi registraram protestos e ações coordenadas contra estudantes judeus, muitas delas atribuídas a grupos externos com “mensagens sincronizadas” e “unificadas”, o que resultou em intimidação, depredações e confrontos que levaram a “centenas de prisões” em todo o país. Os autores afirmam que esses episódios não representam “liberdade de expressão”, mas práticas que envolvem “intimidação, danos à propriedade e violência”.
O relatório afirma que o antissemitismo nas universidades seria “sistêmico, não episódico”, e estaria “enraizado na cultura, nas políticas e nas estruturas de poder da educação superior”. Segundo o documento, muitos estudantes que denunciam casos são ignorados ou retaliados pelo próprio sistema disciplinar das instituições. Para a organização, a persistência desse quadro coloca em risco não apenas estudantes judeus, mas “a própria viabilidade da educação superior”, caso não haja mudanças estruturais nas políticas universitárias.
Denúncias envolvem propaganda antissemita e homenagens ao Hamas
O relatório destaca situações específicas em diversos campi. Em Amherst College, um estudante relatou que judeus e israelenses teriam sido “selecionados e punidos” de forma desproporcional em processos internos, enquanto ativistas anti-Israel “interrompiam a vida no campus sem consequências”.
Na Universidade de Columbia, o documento relata uma celebração de “Dia dos Mártires” no Dia dos Veteranos, com homenagens a líderes ligados a grupos terroristas, como Hassan Nasrallah, do Hezbollah, e Yahya Sinwar, do Hamas.
Já na Universidade do Estado do Arizona, o estudo cita a distribuição de “propaganda antissemita que glorificava terroristas”, o que teria criado “um ambiente ameaçador”. Na Universidade da Califórnia, estudantes afirmaram ter sido seguidos, hostilizados e fisicamente bloqueados por ativistas que exigiam que “renunciassem a Israel” ou escondessem a identidade judaica.
A organização conclui que essas ações foram “concebidas, planejadas e executadas por uma infraestrutura nacionalizada de ativistas profissionais” com o objetivo de pressionar administradores considerados “simpáticos” à causa e “sobrecarregar” aqueles que poderiam se posicionar contra.
Antissemitismo em sala de aula
Os dados de uma pesquisa realizada com alunos judeus mostram o impacto desses episódios.
O relatório afirma que, mesmo depois do acordo de cessar-fogo em Gaza, o cenário permaneceu “alto, ousado e sem controle” e sustenta que os atos registrados não estariam ligados ao conflito, mas seriam expressão de “ódio aos judeus, simples assim”.
Universidades recebem nota zero em inclusão
O estudo atribui notas às 90 instituições analisadas, entre A a F, conforme incidentes, respostas administrativas e clima para estudantes judeus.
Entre as universidades avaliadas positivamente, com nota A, estão Universidade de Baylor, Universidade de Clemson, Colby College, Universidade do Estado do Colorado, Universidade de Elon e Universidade Metodista do Sul. Essas instituições são citadas por respostas “rápidas e decisivas” a incidentes, diálogo com estudantes e ações de apoio.
Já as notas mais baixas, F, foram atribuídas a universidades como Harvard, MIT, Columbia, Yale, Brown, Northwestern e Universidade da Califórnia. O relatório afirma que algumas delas, como Harvard, enfrentam investigações federais por “indiferença deliberada” a incidentes antissemitas ou mesmo riscos de suspensão de financiamento público.
O texto também responsabiliza departamentos de diversidade, equidade e inclusão (DEI) por contribuírem para a exclusão de estudantes judeus, ao afirmar que tais setores teriam “normalizado o antissemitismo sob o rótulo de ativismo”, “excluído judeus das proteções oferecidas a outras minorias”, “justificado assédio como ‘discurso político’” e difundido “quadros ideológicos que demonizam Israel e, por extensão, a identidade judaica”.
O relatório conclui que o DEI teria “falhado plena, estrutural e consistentemente” e deveria ser “completamente desmantelado”, sob pena de continuar a contribuir para “a pior onda de antissemitismo em campus universitários na história moderna dos EUA”.