O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez um apelo contundente nesta quarta-feira (10) para que a Comissão Europeia e os 26 Estados-membros da União Europeia reconsiderem as tarifas de importação propostas para veículos elétricos fabricados na China.
Durante sua visita à China, Sánchez destacou a necessidade de reconsiderar a posição da UE sobre o assunto, em um momento crítico que pode levar à implementação dessas tarifas por pelo menos cinco anos. “Não precisamos de mais um conflito, especialmente uma guerra comercial. Devemos construir pontes entre a União Europeia e a China”, afirmou em Xangai.
A proposta da Comissão Europeia visa instituir tarifas adicionais que variam entre 7,8% e 35,3%, além da atual taxa de 10%, para compensar os subsídios oferecidos pelo governo chinês à indústria de veículos elétricos, que resultam em preços artificialmente baixos. Essas tarifas são vistas como uma forma de garantir uma concorrência mais justa no mercado europeu.
Sánchez, que tradicionalmente apoia as posições da Comissão, parece estar rompendo com essa tendência, citando a preocupação de que tais tarifas poderiam levar a retaliações contra o setor da carne de porco, que é vital para a economia espanhola. “Não devemos permitir que questões comerciais se entrelacem com potenciais sanções a um setor que nada tem a ver com o setor automotivo”, disse ele.
A disputa está se tornando um teste importante para a disposição da UE de enfrentar práticas comerciais desleais da China. Enquanto países como França e Itália apoiam a imposição das tarifas adicionais, a Hungria lidera a oposição e a Alemanha, sob pressão da indústria local, ainda não tomou uma posição definitiva. Será necessária uma maioria qualificada para suspender as tarifas.
Sánchez também expressou esperança de que se alcance um “compromisso” entre Bruxelas e Pequim e destacou que a Espanha e a China têm mais áreas de concordância do que de discordância. Ele garantiu que o governo espanhol protegerá os interesses do setor da carne de porco e reiterou seu desejo de desempenhar um papel construtivo na resolução da questão.
Além disso, as exportações europeias de brandy estão sob a mira de Pequim, com direitos provisórios suspensos enquanto a UE se prepara para votar sobre os veículos elétricos.
