O Instituto Incube, organização brasileira que mais recebeu recursos da Open Society Foundations (OSF) em 2022, com aproximadamente 3,1 milhões de dólares (cerca de R$ 17,8 milhões), está em foco devido a uma investigação que envolve seu presidente, Raul Paulino Torres. Segundo uma denúncia, Torres teria desviado recursos enquanto atuava em outra organização do terceiro setor, o ISPIS, para a qual trabalhou como contador durante uma década.
A investigação foi iniciada pela Polícia Civil de São Paulo em janeiro, após o ISPIS relatar pagamentos que Torres teria feito a si mesmo sem base contratual, classificando a prática como estelionato. A polícia, porém, indicou que o caso poderia ser configurado como furto. Os documentos apresentados incluem extratos bancários que mostram transferências de mais de R$ 760 mil da conta do ISPIS para a conta pessoal de Torres e para sua empresa de consultoria.
Em defesa, Torres alegou que havia um acordo de receber uma comissão de 5% sobre os valores arrecadados pela ONG. No entanto, ele não compareceu à delegacia para prestar depoimento, alegando que precisava de mais tempo para revisar os autos.
Apesar dos altos investimentos recebidos da Open Society, a Incube é uma organização de difícil acesso ao público. A ONG não possui site oficial, redes sociais ou relatórios anuais, e sua sede registrada, localizada em um sobrado na Zona Oeste de São Paulo, exibe apenas uma placa com o nome “Torres Consultoria” — empresa de propriedade de Raul Torres. Este ambiente modesto contrasta com o perfil de uma ONG que teria recebido mais de R$ 20 milhões nos últimos dois anos.
Em nota ao Gazeta do Povo, o Incube afirmou que atua como “incubadora social” para apoiar a gestão de outras organizações do terceiro setor, declarando que 91% dos recursos obtidos foram direcionados a atividades de parceria com organizações civis. Em relação ao inquérito, a ONG defendeu a integridade de Torres e afirmou que as acusações feitas pelo ISPIS são falsas.