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quarta-feira, 27 novembro, 2024
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Onda azul: Como a direita dominou a União Europeia

Por Marina B.

Poucas vezes um resultado eleitoral foi tão previsível quanto este. A ascensão da direita vinha sendo discutida há anos, refletida claramente nas pesquisas de opinião e intenção de votos. O triunfo foi esmagador, superando em alguns casos as expectativas mais otimistas. A direita emergiu vitoriosa em praticamente todos os países, consolidando-se como a força dominante.

No Parlamento Europeu, os partidos populares, conservadores e eurocéticos conquistaram 320 das 720 cadeiras, um aumento de 26 em relação à eleição anterior. Enquanto isso, a esquerda, composta por sociais-democratas, verdes e socialistas, viu sua representação diminuir, perdendo 23 assentos e totalizando 303. Todos os grupos de direita ganharam cadeiras, enquanto os de esquerda perderam.

Os partidos populares, de centro-direita, mantiveram-se como o maior grupo e foram os que mais expandiram numericamente, mas os conservadores e eurocéticos apresentaram o maior crescimento proporcional. Os liberais-democratas, por outro lado, sofreram uma perda de 26 deputados.

A tendência de crescimento da direita e dos eurocéticos foi observada em quase todos os países europeus. Nas nações bálticas, como Estônia, Letônia e Lituânia, houve um claro movimento à direita. Na Polônia, Tchéquia, Eslováquia, Eslovênia, Hungria e Bulgária, a esquerda praticamente desapareceu do cenário político. Apenas nos países nórdicos, como Suécia, Finlândia e Dinamarca, na Romênia e na Croácia, os resultados foram mais equilibrados, com Portugal sendo a única exceção onde a esquerda conquistou um assento a mais que a direita. Esta foi uma das votações mais uniformes da história da União Europeia.

O impacto foi tão significativo que o presidente francês, Emmanuel Macron, optou por dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições. O primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, renunciou ao seu mandato. Na Espanha, Alemanha e Portugal, a oposição também está clamando por novas eleições. Macron provavelmente tomou essa decisão antecipando uma possível vitória da direita nas eleições parlamentares, preparando-se para enfrentar a Reunião Nacional de Marine Le Pen e assumindo os riscos políticos associados.

Vários fatores contribuíram para essa vitória da direita e centro-direita, incluindo questões como imigração, conflito na Ucrânia, inflação, energia e políticas ambientais. A oscilação entre partidos no poder é um elemento natural da democracia, mas a insatisfação com os governos incumbentes desempenhou um papel crucial.

Os resultados das eleições refletiram também tensões sociais e econômicas significativas, como a alta inflação, especialmente em países como Bélgica, Romênia, Estônia e Croácia, onde os preços da energia continuam elevados. A dependência da Europa em energia importada da Rússia complicou ainda mais a situação, especialmente diante do conflito na Ucrânia.

Em alguns países, como Holanda, França e Alemanha, houve manifestações de agricultores e protestos dos “coletes amarelos”, refletindo a insatisfação com políticas ambientais rigorosas que encarecem a produção.

O exemplo da Itália, com Giorgia Meloni liderando um governo bem-sucedido de direita, desafia estereótipos sobre governos de direita, demonstrando competência administrativa e uma abordagem pragmática. Meloni está ganhando respeito internacional, apesar das críticas dos tecnocratas da União Europeia.

Por fim, é importante notar que apenas 51% dos eleitores votaram, o que pode ter influenciado o resultado. O desafio agora para a esquerda será compreender e responder a esses resultados eleitorais.

“Eles viram nossa chegada, mas não conseguiram nos deter”, disse a primeira-ministra italiana, resumindo o impacto da vitória da direita de forma clara e assertiva.

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