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segunda-feira, 30 setembro, 2024
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Mar em chamas: Pirataria ressurge após tragédia e ameaça rotas comerciais

Por Marina B.

Enquanto uma lancha transportando mais de uma dúzia de piratas somalis se aproximava de sua localização no oeste do Oceano Índico, a tripulação de um graneleiro de propriedade de Bangladesh enviou um sinal de socorro e contatou uma linha direta de emergência.

Infelizmente, ninguém chegou a tempo de ajudá-los. Os piratas abordaram o navio Abdullah, disparando tiros de advertência e capturando o capitão e o segundo oficial como reféns, de acordo com o oficial-chefe Atiq Ullah Khan, que relatou os eventos em uma mensagem de áudio aos proprietários do navio.

Khan relatou que, “até o momento, não houve feridos entre a tripulação, graças à Alá”. No entanto, logo após a gravação da mensagem, os piratas confiscaram os telefones da tripulação. A empresa compartilhou a gravação com a Reuters.

Uma semana após o incidente, o Abdullah permanece ancorado ao largo da costa da Somália, tornando-se a mais recente vítima de um ressurgimento preocupante da pirataria, que as marinhas internacionais acreditavam ter sob controle.

Esses ataques têm aumentado os riscos e os custos para as companhias de navegação, que também enfrentam ameaças de ataques de drones e mísseis por parte da milícia Houthis do Iémen no Mar Vermelho e em outras áreas próximas.

Mais de 20 tentativas de sequestro desde novembro, têm elevado os preços dos serviços de guardas de segurança armados e dos seguros, além de aumentar a possibilidade de pagamentos de resgate, de acordo com representantes da indústria.

Dois membros de gangues somalis, revelaram à Reuters que aproveitaram a distração causada pelos ataques Houthis, que ocorrem várias centenas de milhas náuticas ao norte, para retomar suas atividades de pirataria, após quase uma década de inatividade.

Um dos membros, conhecido pelo pseudônimo Ismail Isse, que ajudou a financiar o sequestro de outro graneleiro em dezembro, afirmou que os piratas viram essa como uma oportunidade, devido à redução das operações das forças navais internacionais ao largo da costa da Somália.

Embora a ameaça atual não seja tão grave quanto era entre 2008 e 2014, as autoridades regionais e representantes da indústria estão preocupados com a possibilidade de a situação piorar.

No fim de semana, a Marinha Indiana interceptou e resgatou o Ruen, que navegava sob a bandeira de Malta, após sua retenção. A missão antipirataria da União Europeia, EUNAVFOR Atalanta, sugeriu que os piratas poderiam ter usado o Ruen como plataforma de ataque contra o Abdullah.

A Marinha Indiana relatou que todos os 35 piratas a bordo se renderam e que os 17 reféns foram resgatados sem ferimentos.

Cyrus Mody, vice-diretor do braço anticrime da Câmara de Comércio Internacional, comentou que a intervenção da Marinha Indiana poderia ter um efeito dissuasor significativo, destacando que o risco supera a recompensa para os piratas.

Por outro lado, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Bangladesh expressou a posição do governo contra ações militares para libertar o Abdullah, citando a vantagem dos piratas ao operar perto da costa da Somália.

Enquanto isso, os custos para a navegação aumentam. As seguradoras estão impondo prêmios adicionais de risco de guerra e a contratação de guardas privados armados se tornou mais cara. Embora esses guardas tenham limitações contra mísseis e drones, eles têm se mostrado eficazes como dissuasão contra sequestros de piratas.

Apesar das negociações sobre possíveis pagamentos de resgate, nenhuma informação oficial sobre pagamentos foi divulgada. A NAVIBULGAR, empresa búlgara que administra o navio Ruen, expressou gratidão à Marinha Indiana pelo resgate de seus marinheiros.

O porta-voz do proprietário do Abdullah, SR Shipping, revelou que os piratas entraram em contato, mas a empresa ainda não recebeu um pedido de resgate.

A falta de recursos e a expiração de uma resolução da ONU, que autorizava navios estrangeiros a patrulhar as águas da Somália, são desafios adicionais no combate à pirataria. A capacidade de aplicação da lei marítima na Somália, no entanto, permanece limitada, com recursos escassos para a guarda costeira e forças policiais marítimas.

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