Ditador chama também reservistas e milicianos para exercícios de tiro neste fim de semana, para ‘defender o direito à paz’
Tensões recentes entre Venezuela e Estados Unidos levaram o ditador Nicolás Maduro a conclamar, nesta sexta-feira (12), reservistas, milicianos e jovens alistados para treinamentos de tiro nos quartéis do país durante o fim de semana.
Durante pronunciamento transmitido pela televisão estatal, Maduro incentivou a participação popular:
“Todos os venezuelanos que se alistaram […] O povo para seus quartéis para receber treinamento e aprender nos polígonos de tiro a atirar para a defesa da pátria”, afirmou.
Resposta ao envio de forças norte-americanas
O foco das atividades é preparar civis e militares para o uso de armas e técnicas de defesa, diante do envio, por parte dos Estados Unidos, de oito navios de guerra e caças F-35 ao sul do Caribe. Em agosto, os EUA admitiram oficialmente a ação como parte de manobras contra o narcotráfico.
Maduro, no entanto, acusa os norte-americanos de mascararem operações de interferência em governos da América Latina sob esse pretexto. Em discurso, declarou ter mobilizado “fuzis, tanques e mísseis” como medida preventiva:
“Todas as armas que a República possui para se defender — fuzis, tanques e mísseis — foram mobilizados por todo o país para defender nosso direito à paz. Quem quer paz, prepare-se para defendê-la.”
Mobilização de militares e civis
O ditador determinou o envio de pelo menos 25 mil militares às regiões próximas à Colômbia e ao Caribe e pediu que mais cidadãos se juntem à Milícia Bolivariana, composta por civis armados que reforçam o contingente nacional.
“Os integrantes da comunidade, milicianos, reservistas, jovens e pessoas que se alistaram bravamente serão destacados para as 312 unidades militares da Venezuela. Eles ficarão nos quartéis para receber o treinamento tático necessário”, disse Maduro.
De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), a Milícia Bolivariana conta com cerca de 212 mil integrantes, além dos 123 mil militares dos demais ramos das Forças Armadas. No entanto, generais da reserva consultados pela AFP estimam que apenas 30 mil milicianos possuem treinamento e armamento adequados, sendo a maioria formada por aposentados, servidores públicos e integrantes do Partido Socialista.