Ismail Haniyeh, líder do Hamas, foi assassinado na manhã de quarta-feira no Irã, segundo informações do grupo palestino e de autoridades iranianas. A morte de Haniyeh gerou ameaças de retaliação contra Israel e exacerbou as tensões em uma região já abalada pela guerra em Gaza e pelo crescente conflito no Líbano.
A Guarda Revolucionária do Irã confirmou o assassinato e anunciou que está investigando o caso. Haniyeh, geralmente baseado no Catar, era uma figura central na diplomacia internacional do Hamas e estava em Teerã para a cerimônia de posse do novo presidente iraniano quando foi atacado.
O braço armado do Hamas declarou que o assassinato de Haniyeh “ampliará o conflito e terá grandes repercussões”, enquanto o Irã prometeu retaliação. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, acusou Israel de criar condições para uma “punição severa” e afirmou que Teerã tem o dever de vingar a morte de Haniyeh. As forças iranianas já haviam realizado ataques diretos a Israel no início do conflito em Gaza.
O governo israelense ainda não comentou oficialmente o incidente e não emitiu novas diretrizes de segurança para civis. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou uma reunião de segurança às 16h (13h GMT) para discutir a situação.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que Washington tentará reduzir as tensões, mas garantiu que os EUA defenderão Israel em caso de ataque. “Não acredito que a guerra seja inevitável. Sempre há espaço para a diplomacia”, declarou Austin durante uma visita às Filipinas.
O assassinato de Haniyeh, que ocorre menos de 24 horas após Israel afirmar ter matado um comandante do Hezbollah responsável por um ataque nas Colinas de Golã, parece comprometer as chances de um acordo de cessar-fogo iminente na guerra em Gaza, que já dura 10 meses.
O Catar, que tem mediado negociações para encerrar os combates em Gaza, condenou o assassinato como uma escalada perigosa. China, Rússia e Turquia também expressaram condenação. O Irã está reunido para decidir sua resposta à morte de Haniyeh, um aliado próximo de Teerã.
O presidente palestino Mahmoud Abbas também condenou o assassinato, e facções palestinas na Cisjordânia convocaram greves e manifestações em massa. O assassinato de Haniyeh ocorre em um momento crítico, com a campanha de Israel em Gaza se aproximando do final de seu 10º mês e o risco de um conflito regional mais amplo crescendo.
A promotoria do Tribunal Penal Internacional havia solicitado um mandado de prisão para Haniyeh por supostos crimes de guerra, junto com um pedido semelhante para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Nomeado para o cargo mais alto do Hamas em 2017, Haniyeh transitou entre a Turquia e Doha, mantendo-se ativo como negociador e interlocutor com o Irã. Seus filhos foram mortos em ataques aéreos israelenses, e sua morte segue o assassinato de seu vice, Saleh Al-Arouri, em janeiro.
Com Haniyeh morto, Yehya Al-Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza, e Zaher Jabarin, líder do grupo na Cisjordânia, permanecem como principais figuras do Hamas, embora escondidos. O conflito teve início em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas atacaram comunidades israelenses, resultando em 1.200 mortos e cerca de 250 reféns em Gaza, segundo contagens israelenses.