Um tribunal russo condenou nesta sexta-feira, 18 de julho, o jornalista Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, a 16 anos de prisão sob acusação de espionagem. Gershkovich, um americano de 32 anos, alegou que as acusações contra ele são infundadas e foi julgado no mês passado em Yekaterinburg. Ele é o primeiro jornalista americano a ser preso na Rússia sob acusações de espionagem desde a Guerra Fria.
O julgamento de Gershkovich foi realizado com uma rapidez incomum, o que gerou especulações de que um acordo de troca de prisioneiros entre os EUA e a Rússia, envolvendo ele e possivelmente outros americanos detidos na Rússia, pode estar próximo. A audiência de hoje foi a terceira do julgamento, e o Kremlin não comentou sobre a possibilidade de tal acordo.
Os promotores russos alegaram que Gershkovich havia coletado informações secretas para a Agência Central de Inteligência dos EUA sobre uma empresa que fabrica tanques para o conflito na Ucrânia, o que tanto ele quanto seu empregador negam. Gershkovich foi preso em 29 de março de 2023, em uma churrascaria em Yekaterinburg, a 1.400 km a leste de Moscou, e desde então está detido na prisão de Lefortovo, em Moscou.
O tribunal, surpreendentemente, anunciou o veredito poucas horas depois de os promotores terem solicitado uma pena de 18 anos de prisão. A pena máxima para o crime do qual ele é acusado é de 20 anos. A Rússia normalmente conclui processos legais contra estrangeiros antes de considerar qualquer acordo de troca de prisioneiros.
Gershkovich, o Wall Street Journal e o governo dos EUA rejeitam as acusações e afirmam que ele estava realizando seu trabalho como repórter credenciado pelo Ministério das Relações Exteriores russo. “Mesmo enquanto a Rússia conduz esse julgamento fraudulento, continuamos fazendo tudo o que podemos para buscar a libertação imediata de Evan,” afirmou o Journal em um comunicado.
A embaixada dos EUA também declarou que, “independentemente das alegações russas, Evan é um jornalista e não cometeu nenhuma ação ilegal.” O Departamento de Estado dos EUA, através de seu porta-voz adjunto Vedant Patel, afirmou que Washington está empenhado em conseguir a libertação de Gershkovich e do ex-fuzileiro naval Paul Whelan, também preso na Rússia.
O Kremlin indicou que o caso é uma questão para o tribunal e afirmou, sem fornecer evidências, que Gershkovich foi pego espionando “em flagrante.” Autoridades americanas acusam repetidamente a Rússia de usar Gershkovich e Whelan como moeda de troca para negociações de prisioneiros.
O presidente Vladimir Putin afirmou que a Rússia está aberta a uma troca de prisioneiros envolvendo Gershkovich, e contatos com os EUA ocorreram, mas devem permanecer confidenciais. Desde o início da invasão russa à Ucrânia em 2022, Moscou e Washington realizaram apenas uma troca de prisioneiros de alto nível: a Rússia libertou a estrela do basquete Brittney Griner, detida por contrabando de maconha, em troca do traficante de armas Viktor Bout, preso por crimes relacionados ao terrorismo nos EUA.