A proposta, que inclui a criação de uma força internacional, busca orientar a desmilitarização e a reconstrução da área em conflito
A aprovação do plano de paz para Gaza pelo Conselho de Segurança da ONU recebeu elogios de Israel e da União Europeia nesta terça-feira, 18, com destaque de ambos ao apoio à iniciativa apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A proposta, que inclui a criação de uma força internacional, busca orientar a desmilitarização e a reconstrução da Faixa de Gaza.
Trump declarou que a medida contribuirá para “mais paz em todo o mundo”. Por outro lado, os terroristas do Hamas rejeitam a resolução, alegando que ela não contempla as demandas palestinas.
O texto, elaborado pelos EUA, foi aprovado com 13 votos favoráveis, enquanto Rússia e China optaram pela abstenção.
Reações internacionais e expectativas para Gaza
Anouar El Anouni, porta-voz de Relações Exteriores da União Europeia, classificou o avanço como essencial.
“É um passo importante para avançar no plano abrangente destinado a pôr fim ao conflito em Gaza”, afirmou o porta-voz à AFP. “Consolida o cessar-fogo, permite acesso humanitário em larga escala e abre caminho para a recuperação, a reconstrução e a reforma institucional.”
O plano prevê a atuação de uma Força Internacional de Estabilização, que atuará em conjunto com Israel, Egito e novos policiais palestinos, focando a segurança das fronteiras e a desmilitarização do território.
Em Gaza, a população demonstrou esperança. Saeb Al-Hassanat, de 39 anos, morador de Gaza, afirmou: “Qualquer decisão internacional que beneficie os palestinos agora é bem-vinda”.
“O importante é que a guerra acabe”, relatou à AFP. “Sem forte pressão dos Estados Unidos, a resolução do Conselho de Segurança permanecerá sem valor.”
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o plano pode promover “paz e prosperidade”, destacando a exigência de “desmilitarização completa, desarmamento e desradicalização de Gaza”.
Em comunicado, o governo israelense adicionou que a proposta tem potencial para ampliar os Acordos de Abraão e fortalecer a integração regional.
Resistência do Hamas
O grupo terrorista Hamas, por sua parte, recusou o plano, ao argumentar que ele não atende aos direitos políticos e humanitários dos palestinos.
O grupo também criticou a criação da força internacional, interpretando-a como imposição de “tutela internacional sobre a Faixa de Gaza”. Apesar da trégua, a região permanece marcada pela destruição depois de dois anos de confrontos desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Rawia Abbas, moradora local, relatou: “Ainda não temos comida, água nem casas. O inverno começou, e a situação é catastrófica. Estamos nas mãos de Deus”, afirmou à AFP, mencionando que sua residência foi parcialmente destruída pelos combates.
Perspectivas para o futuro e papel internacional
A resolução sugere indiretamente a possibilidade de um Estado palestino, ao mencionar que, depois de reformas na Autoridade Nacional Palestina e início da reconstrução, “as condições poderão estar estabelecidas para um caminho crível rumo à autodeterminação e à criação de um Estado palestino”.
O documento também propõe um “Conselho de Paz”, órgão transitório para Gaza sob presidência teórica de Trump até o final de 2027, além de determinar a retomada da entrega de ajuda humanitária em larga escala pela ONU, Cruz Vermelha e Crescente Vermelho.