A onda de incêndios devastadores que afeta a Amazônia e outras regiões do Brasil continua a causar grande repercussão na mídia francesa e entre os internautas. Nesta segunda-feira (16), os sites dos jornais Le Figaro, Le Monde e Libération publicam imagens impactantes da destruição no Parque Nacional de Brasília, onde as chamas chegaram no domingo. As fotos dramáticas da vegetação em chamas estão gerando muitos comentários nas redes sociais.
A agência de notícias AFP relata a emissão de créditos extraordinários fora dos limites fiscais autorizada pelo Supremo Tribunal Federal para combater os incêndios, além das declarações do presidente Lula e do sobrevoo da área que ele fez com a primeira-dama, Janja. Apesar das ações do governo federal e do Judiciário, os internautas na rede X, ativa na França, comentam sobre os impactos dos incêndios, exacerbados pela seca histórica que o Brasil enfrenta, com muitos comentários apontando para causas criminosas.
O pesquisador em políticas ambientais Johan Dupuis, do Conselho Municipal de Lausanne, na Suíça, expressou no X sua preocupação sobre o que ele considera um iminente “ponto de inflexão no sistema terrestre”. Dupuis critica a tentativa de políticos e círculos empresariais de minimizar a gravidade da situação, enquanto os ecossistemas estão sendo consumidos pelo fogo.
No Le Monde, o engenheiro e ensaísta marroquino Driss Galli, residente no Brasil e com opiniões de direita, critica o que vê como “hipocrisia” do G20, ONGs ambientais e artistas que recebem subsídios públicos. Galli observa que, apesar do Brasil presidir o G20, os países do grupo permanecem em silêncio diante da devastação na Amazônia e no Pantanal.
O jornal Ouest France informa que, nos primeiros 12 dias de setembro, o Brasil registrou 49.266 focos de incêndio, superando o total do mês de setembro de 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O jornal francês destaca que muitos focos estão em áreas vitais para a biodiversidade, como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. São Paulo e Rio de Janeiro também estão ameaçados pelo fogo.
No sábado, no portal de notícias France Info, um internauta chamado “Olivertender” criticou a atribuição dos incêndios às mudanças climáticas, apontando que, na verdade, são causados por “criminosos e atividades agrícolas”.
Em menos de duas semanas em setembro, o Brasil emitiu quatro milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, de acordo com o observatório europeu Copernicus. Embora o governo brasileiro promova uma matriz energética limpa em fóruns internacionais, essa política é vista como insuficiente se o país não conseguir agir de forma eficaz para prevenir e combater os incêndios florestais, sejam eles naturais ou criminosos.
