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terça-feira, 8 outubro, 2024
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Hungria vai suspender empréstimo de 35 mil milhões de euros da UE à Ucrânia até às eleições nos EUA

Por Alexandre Gomes

O plano da UE para obter um empréstimo de 35 mil milhões de euros para a Ucrânia implica uma alteração fundamental do regime de sanções que a Hungria tem vindo a bloquear.

A Hungria confirmou na terça-feira que irá suspender um empréstimo de 35 mil milhões de euros, proposto pela Comissão Europeia para apoiar a economia ucraniana devastada pela guerra até que os Estados Unidos elejam o seu próximo presidente, a 5 de novembro.

O empréstimo utilizará os lucros inesperados dos ativos imobilizados do Banco Central russo para atribuir, gradualmente, o dinheiro a Kiev, isentando os cofres da UE. Espera-se que outros aliados do G7 contribuam até que o montante total atinja os 45 mil milhões de euros (50 mil milhões de dólares).

Os Estados Unidos estão preocupados com a estabilidade a longo prazo deste plano sem precedentes, uma vez que as sanções da UE sobre os ativos congelados têm de ser renovadas de seis em seis meses por unanimidade. Isto significa que, a qualquer momento, um Estado-membro pode impedir a renovação, descongelar os bens e pôr em causa todo o projeto.

A Hungria, em particular, adquiriu a reputação de bloquear as sanções até conseguir concessões controversas, algumas das quais a favorecerem os interesses do Kremlin.

Para apaziguar as preocupações de Washington, Bruxelas propôs alargar o período de renovação dos ativos congelados de seis para 36 meses.

Embora a maioria dos Estados-membros concorde com a necessidade de avançar rapidamente com o crédito de vários milhares de milhões, dada a situação financeira difícil da Ucrânia, a Hungria parece não ter pressa: para Budapeste, a alteração fundamental do regime de sanções deve esperar até 5 de novembro.

A aprovação do empréstimo requer maioria qualificada, mas a alteração das sanções requer unanimidade.

“Acreditamos que esta questão deve ser decidida – o prolongamento das sanções russas – depois das eleições americanas. Foi essa a posição da Hungria”, afirmou Mihály Varga, Ministro das Finanças húngaro, na terça-feira, após uma reunião ministerial no Luxemburgo.

Varga argumentou que os dois candidatos presidenciais – Kamala Harris e Donald Trump – defendem duas abordagens opostas para lidar com a guerra da Rússia e que o bloco deve basear os seus próximos passos em função de quem o povo americano eleger.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, não escondeu a sua preferência pela candidatura de Trump.

“Temos de ver em que direção vai a futura administração dos EUA nesta matéria”, disse Varga aos jornalistas. “Podemos ver as eleições presidenciais e a campanha dos candidatos: há duas formas absolutamente diferentes de resolver este problema. Uma, na direção da paz. E (a outra) continuar a guerra”.

O ministro sublinhou que ele e os seus homólogos tiveram uma “excelente conversa” sobre o empréstimo de 35 mil milhões de euros, mas que “é claro que temos de esperar até novembro”.

Ao seu lado, o Comissário Europeu, Paolo Gentiloni afirmou que os ministros deram um apoio “quase unânime” à alteração do regime de sanções, que descreveu como uma “condição prévia” para permitir a participação americana em “partes iguais”.

“Esta é a parte política”, disse Gentiloni, referindo-se à “partilha de encargos” entre os aliados do G7.

O debate em torno do empréstimo vai continuar na quarta-feira, durante uma reunião de embaixadores da UE em Bruxelas. A Hungria detém atualmente a presidência rotativa do Conselho da União Europeia e está encarregada de moderar a sessão.

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