No ano passado, mais de vinte partidos da oposição na Índia uniram forças para enfrentar Narendra Modi, um dos primeiros-ministros mais populares do país em décadas. Entretanto, essa ampla coalizão, marcada por diferenças ideológicas e conflitos pessoais, está desmoronando em um momento crucial, poucos meses antes das eleições nacionais.
Dividida por rivalidades políticas, deserções e confrontos ideológicos, a aliança ÍNDIA, formada para derrubar Modi e seu Partido Bharatiya Janata, está se desfazendo, afirmam analistas. O apoio a Modi, por outro lado, está crescendo após a inauguração de um templo hindu em Ayodhya, cumprindo uma promessa de longa data de seu partido.
Liderada pelo Congresso Nacional Indiano, a frente de unidade inclui mais de vinte partidos regionais poderosos, que muitas vezes são rivais diretos em seus estados. À medida que as eleições se aproximam, suas diferenças se intensificam, aumentando as chances de Modi garantir um terceiro mandato.
As negociações sobre a distribuição de assentos dentro da aliança esfriaram, especialmente devido às exigências do Congresso de lançar seus próprios candidatos na maioria dos assentos. Isso levou a deserções em estados como Bengala Ocidental e Punjab, onde dois dos principais parceiros decidiram concorrer sozinhos.
A Índia possui um sistema multipartidário, onde vence o candidato com mais votos. Em 2019, o partido de Modi conquistou 37% dos votos, mas obteve 303 dos 543 assentos parlamentares. A oposição espera consolidar votos ao apresentar candidatos únicos em cada círculo eleitoral contra o BJP nas próximas eleições.
No entanto, a recente deserção de Nitish Kumar, ministro-chefe de Bihar e um dos arquitetos da aliança ÍNDIA, para o partido de Modi, causou outro revés inesperado.
Segundo especialistas, a oposição não conseguiu encontrar uma plataforma comum para desafiar Modi. Enquanto isso, problemas internos no Congresso, que luta para permanecer relevante, também contribuíram para o colapso da aliança.
Modi se apresenta como um forasteiro que desafia a elite política, e sua mistura de religião e política tem ressoado entre os hindus indianos. Por outro lado, o Congresso, liderado por Rahul Gandhi, enfrenta dificuldades em traduzir sua popularidade em votos.
Apesar dos desafios econômicos, Modi parece estar bem posicionado para um terceiro mandato, a menos que ocorra uma revolta popular significativa contra seu governo.
