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segunda-feira, 30 setembro, 2024
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Guerra dos grãos: Agricultores europeus protestam contra acordo comercial que ‘afunda’ preços

Por Marina B.

Agricultores na União Europeia (UE) têm manifestado insatisfação, seja com as políticas relacionadas às mudanças climáticas ou com a burocracia. Agora, uma medida recente da UE pode intensificar esse descontentamento e transformá-lo em uma questão política de maior magnitude.

A decisão da UE de estender as medidas de livre comércio com a Ucrânia nesta semana, exacerbou a crescente frustração entre os produtores de grãos, desde a Polônia até a França. Um acordo provisório para prolongar a suspensão de tarifas e cotas por mais um ano permite à Ucrânia continuar a exportar trigo para os 27 países membros da UE.

Embora a Ucrânia não seja diretamente responsável pela queda nos preços do trigo, as importações de seus produtos tornaram-se um ponto de atrito.

Essa insatisfação apresenta um desafio para os políticos, que precisam equilibrar as demandas internas com o apoio a Kiev contra a invasão russa que já dura mais de dois anos.

Na Polônia, onde agricultores bloquearam mais de 500 estradas esta semana, há ameaças de prolongar a proibição de grãos e até de interromper os fluxos de trigo para outros países da UE. “Estamos sendo inundados por grãos ucranianos, e o governo precisa encontrar uma solução”, declarou Slawomir Izdebski, líder do sindicato agrícola OPZZ.

Enquanto isso, na França, o presidente Emmanuel Macron tem feito do apoio à Ucrânia uma peça central de sua estratégia para combater o avanço da direita nas eleições europeias de junho. Seu governo tem buscado apaziguar os agricultores, implementando concessões que abrangem desde custos de combustível até regras ambientais.

No entanto, muitos agricultores europeus sentem que estão arcando com os custos da guerra na Ucrânia. “Apoiar a Ucrânia contra a Rússia é crucial para a Europa e os países ocidentais, mas não devemos ser os únicos a pagar o preço”, observou Benoit Pietrement, presidente do conselho de grãos da agência nacional de agricultura e pesca FranceAgriMer.

Os agricultores estão expressando sua indignação há semanas. Na feira de agricultura de Paris no mês passado, o clima era de tensão, com agricultores discutindo freneticamente os preços do trigo que piscavam em vermelho em seus smartphones.

As chamadas Medidas Comerciais Autônomas, introduzidas em junho de 2022 após a invasão russa da Ucrânia, concedem à Ucrânia praticamente acesso irrestrito ao mercado da UE. No entanto, os agricultores consideram as últimas propostas “inaceitáveis”, já que as tarifas sobre produtos ucranianos seriam restabelecidas em caso de aumento nas importações, exceto para grãos.

Além da pressão dos preços globais deprimidos, os agricultores da UE enfrentam os efeitos indiretos das importações de grãos da Ucrânia. A UE importou mais de 17 vezes a quantidade de trigo da Ucrânia na temporada 2022-2023 em comparação com o ano anterior à guerra.

Embora a UE esteja buscando resolver a situação ajudando a Ucrânia a redirecionar suas exportações para países tradicionalmente compradores, os agricultores acreditam que os grãos são uma fonte crucial de receita para a Ucrânia, e a situação atual é insustentável para eles.

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