O anúncio do teste contra os eletrônicos foi feito na terça-feira (27) pela ministra da Educação da França, Nicole Belloubet, durante uma coletiva de imprensa.
O uso de celulares já é proibido pela lei no ensino fundamental desde 2018, mas o aparelho não é completamente banido. Os telefones devem apenas ficar desligados e guardados durante as aulas e no recreio.
O principal objetivo da proibição é “prevenir a violência online, limitar a exposição às telas e fazer cumprir as regras que regem o uso de ferramentas digitais”, expõe o site do Ministério da Educação, que quer uma “melhoria do clima escolar”, limitando o “assédio online” e a “divulgação de imagens violentas”. Uma melhora dos resultados dos alunos também é citada, com a eliminação de uma fonte de distração nas aulas.
Durante a coletiva, Nicole Belloubet citou as conclusões de uma comissão sobre os eletrônicos, criada por iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron. O objetivo era elaborar um inventário do conhecimento científico sobre os efeitos das telas e formular recomendações de utilização, principalmente em relação às crianças e adolescentes.
Escolas voluntárias
Os nomes das quase 200 escolas que participam do experimento, de maneira voluntária, não foram divulgados. “A lista será estabilizada no início do ano letivo”, segundo o ministério.
“Cada estabelecimento organiza seu próprio protocolo com as maneiras que será feita a ‘pausa digital’”, disse a ministra.
“As escolas podem usar um material que já existe no estabelecimento, como armários (para guardar o celular). Para os outros, as prefeituras foram solicitadas para participar da compra de material”, explicou à Franceinfo. Segundo ela, o governo também financia o experimento.
A ministra disse que pretende generalizar a “pausa digital” a todas as escolas da França a partir de janeiro de 2025.
Medida difícil de ser aplicada
Mas, como era de se esperar, a medida não agradou a todos. O mais surpreendente é que as reclamações vieram do lado dos professores e diretores.
Entre os motivos de preocupação, eles citam a dificuldade de aplicação das medidas necessárias para impedir que os telefones passem pelos portões das escolas.
“Para garantir que todos os alunos deixem seus telefones e que não guardem um segundo, seria necessário verificá-los rigorosamente na entrada. Para ser eficaz, seria necessária a mesma vigilância que nos aeroportos”, sublinhou Sophie Vénétitay, secretária geral do sindicato docente Snes-FSU, ao jornal Le Figaro, em abril, quando o experimento foi anunciado.
Os professores e diretores também reclamam da falta de recursos financeiros para a aquisição de armários seguros para guardar os celulares e de pessoal para monitorar a sua recuperação, além da responsabilidade dos estabelecimentos em caso de roubo ou danos.