A justiça peruana condenou o ex-presidente Alejandro Toledo a 20 anos de prisão por receber propinas da construtora Odebrecht, em mais um desdobramento internacional da operação Lava Jato. Toledo, que governou o Peru entre 2001 e 2006, foi considerado culpado por corrupção e lavagem de dinheiro, tornando-se o segundo ex-presidente peruano a ser condenado por crimes relacionados à Odebrecht. Antes dele, Alberto Fujimori também foi condenado por corrupção.
A sentença contra Toledo reafirma o impacto da Lava Jato em outros países da América Latina, onde diversos ex-líderes foram investigados e condenados por envolvimento em esquemas de corrupção com a Odebrecht. O caso de Toledo segue o mesmo padrão de corrupção que marcou a atuação da empreiteira brasileira em vários governos da região.
Toledo e Lula: Caminhos diferentes
Curiosamente, a trajetória de Toledo é comparável à de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil. Ambos foram acusados de receber propinas da Odebrecht, mas os desfechos são distintos. Enquanto Toledo foi condenado a uma longa pena de prisão, Lula, que chegou a ser preso e cumpriu mais de 500 dias de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, teve suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro por questões processuais, o que lhe permitiu voltar ao poder.
Apesar das semelhanças nos casos de corrupção, o tratamento dado pelas justiças do Peru e do Brasil expõe contrastes na forma como líderes políticos são responsabilizados por seus crimes. No Peru, a condenação de Toledo reforça a seriedade com que o país lida com casos de corrupção, enquanto no Brasil, decisões judiciais que favorecem figuras poderosas continuam a gerar controvérsia.
A construtora Odebrecht, que já foi uma das maiores empresas da América Latina, ficou manchada após o escândalo da Lava Jato. No Brasil, até mudou de nome para Novonor, numa tentativa de se distanciar dos escândalos de suborno e lavagem de dinheiro. Contudo, os estragos causados por seu envolvimento em esquemas de corrupção continuam a ecoar em diversos países.
Alejandro Toledo exerceu o seu direito de defesa até as últimas instâncias, assim como Lula no Brasil. No entanto, enquanto a justiça peruana manteve sua condenação, no Brasil, Lula foi beneficiado por uma anulação judicial que frustrou muitos que esperavam uma postura mais firme contra a corrupção.
Essa condenação no Peru reforça a importância da luta contra a impunidade em todo o continente, mesmo quando figuras poderosas estão envolvidas.