As novas denúncias contra Evo Morales por tráfico de pessoas e estupro, trazidas à tona pela secretária de Gênero de Cochabamba, Tatiana Herrera, levantam sérias questões sobre abusos de poder e impunidade na Bolívia. Segundo Herrera, cinco famílias de Chapare, reduto político de Morales, relataram que suas filhas foram retiradas sem consentimento, levadas para a cidade de La Paz por intermediários que atuariam nos sindicatos locais. Além das acusações de tráfico, há relatos de que algumas dessas menores teriam sido vítimas de violência sexual, com relatos de filhos nascidos dessas supostas agressões.
Essas denúncias se somam a investigações que ocorrem desde setembro, quando promotores bolivianos começaram a apurar acusações de tráfico humano e estupro contra Morales, relacionadas a um caso anterior. A promotora Sandra Gutiérrez, responsável pela investigação, afirmou já possuir provas materiais contra ele, mas, até o momento, um mandado de prisão não foi emitido. As autoridades também asseguraram proteção policial para as vítimas e suas famílias.
A situação se agrava com os bloqueios de rodovias na região de Cochabamba, promovidos por apoiadores de Morales, conhecidos como “evistas”, em protesto contra o governo de Luis Arce. A disputa entre Morales e Arce pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS) e pelo poder político do país coloca a Bolívia em um cenário de instabilidade crescente, com ambos os lados acusando-se mutuamente de abuso e uso indevido de poder.
Essas graves denúncias, somadas à crise política interna, evidenciam o desafio de combater abusos de poder em um contexto onde estruturas de influência e lealdades políticas tornam o processo judicial complexo e lento. Além disso, destacam a urgência de medidas eficazes para proteger vítimas e garantir que denúncias de violência sexual e tráfico humano sejam investigadas de maneira imparcial e rigorosa.
