O governo dos Estados Unidos proibiu na sexta-feira a ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner e um ex-alto funcionário de entrarem nos Estados Unidos, depois que a dupla foi implicada em “corrupção significativa” em uma longa saga jurídica na Argentina.
Fernández de Kirchner, um ex-presidente esquerdista que governou a Argentina por dois mandatos de 2007 a 2015, mantém influência política significativa em casa e é um adversário declarado do presidente libertário Javier Milei, um apoiador do presidente dos EUA, Donald Trump.
Em uma declaração, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, argumentou que Fernández de Kirchner e o ex-ministro do Planejamento, Julio Miguel De Vido, “abusaram de suas posições ao orquestrar e se beneficiar financeiramente de vários esquemas de suborno envolvendo contratos de obras públicas, resultando em milhões de dólares roubados do governo argentino”.
A ex-presidente negou qualquer irregularidade e afirmou que os processos contra ela têm motivação política.
Rubio acusou tanto o ex-presidente quanto De Vido de minar “a confiança do povo argentino e dos investidores no futuro da Argentina”.
A proibição de entrada nos EUA também se aplica a familiares próximos.
Fernández de Kirchner, que foi vice-presidente por quatro anos até 2023, é o atual líder do principal partido peronista.
Mas sua popularidade diminuiu à medida que os desafios legais aumentaram.
No final do ano passado, um tribunal confirmou sua condenação por distribuir contratos estaduais a uma amiga, o que levou a uma pena de seis anos de prisão e proibição vitalícia de exercer cargos públicos. Fernandez de Kirchner disse que rejeita a decisão do tribunal como falha e está levando o caso à Suprema Corte.
Em uma postagem no Facebook na sexta-feira, ela tentou voltar o foco para Milei e Trump.
“Você deixou suas impressões digitais por todo lugar”, escreveu Fernandez de Kirchner no longo post, referindo-se a Milei.
Ela convocou seus apoiadores para uma marcha na segunda-feira, data em que os direitos humanos são tradicionalmente celebrados na Argentina para marcar a lembrança do golpe militar de 1976 no país.