Os líderes do G7 não mencionaram diretamente o aborto em seu comunicado final na sexta-feira (14), conforme um rascunho visto pela Reuters, já que a Itália resistiu à pressão da França para incluir a palavra.
Isso provocou uma disputa diplomática entre os dois países, com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni acusando o presidente francês Emmanuel Macron de tentar ganhar pontos políticos antes das eleições nacionais na França.
A declaração do G7 reafirmou o compromisso com “o acesso universal a serviços de saúde adequados, acessíveis e de qualidade para as mulheres”, conforme assumido na cúpula de Hiroshima, no Japão, no ano passado.
Entretanto, foi omitida a referência específica do comunicado de 2023 sobre a importância do “acesso ao aborto seguro e legal e à assistência pós-aborto”.
Roma, que preside atualmente o G7, argumentou que não havia necessidade de repetir a linguagem, pois já haviam reiterado sua promessa em Hiroshima.
Diplomatas revelaram que França e Canadá tentaram fortalecer a linguagem sobre o direito ao aborto, mas encontraram resistência dos italianos.
“Em seu país, não há a mesma sensibilidade”, disse Macron a um repórter italiano na noite de quinta-feira. “A França defende a igualdade entre mulheres e homens, mas essa não é uma visão compartilhada por todo o espectro político.”
Meloni, que se opõe ao aborto, argumentou que não era apropriado criar controvérsia sobre o assunto.
“Acredito que seja profundamente errado, em tempos difíceis como estes, usar um fórum tão importante como o G7 para campanha eleitoral”, disse Meloni aos repórteres.